São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2008

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Operação da polícia mata 10 pessoas em favelas do Rio

Ação ocorre 6 meses após operação que deixou 13 mortos na mesma região, na zona oeste

Para secretário de Segurança, operação "foi bem sucedida'; para cientista social, porém, mortos indicam "ineficiência da política de segurança"

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Seis meses depois de matar 13 pessoas na favela da Coréia (zona oeste do Rio), a polícia voltou à região e deixou dez supostos criminosos mortos em operação na mesma comunidade e na vizinha Vila Aliança.
Cerca de 150 policiais participaram da operação, que durou sete horas e teve início na manhã de ontem. Seis pessoas foram presas e três fuzis, duas submetralhadoras, quatro pistolas, três revólveres, uma caixa de explosivos, granada e drogas foram apreendidos. Nenhum policial se feriu.
O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que a operação "foi bem sucedida". Ele disse que a polícia não vai à favela "com o intuito de matar", mas, no local, encara "a barbárie".
Em 17 de outubro, 350 policiais foram à favela da Coréia com o mesmo objetivo: apreender armas e drogas. Treze pessoas foram mortas pela polícia e, durante o confronto, uma criança e um policial morreram. Na operação, policiais mataram, de um helicóptero, dois homens desarmados.
Quase seis meses depois, traficantes do Terceiro Comando Puro -facção que controla as drogas nas favelas no bairro de Senador Camará, na zona oeste- trocaram tiros com policiais por sete horas.
"Essas quadrilhas são espalhadas pelo município e sempre têm como repor o que lhe é retirado de circulação", afirmou o chefe de Polícia Civil, Gilberto Ribeiro.
"Infelizmente no Rio é essa situação. Nós não vamos permitir que isso se alastre. Para terminar com isso somente com ações não pertinentes à Secretaria de Segurança que estão sendo feitas através do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], que levem dignidade à vida do cidadão", afirmou Beltrame.

Ineficácia
Para a cientista social Silvia Ramos, porém, mais uma operação com muitos mortos mostra a "ineficácia e a ineficiência da política de segurança pública no governo [Sérgio] Cabral [PMDB]". Ela lembrou a queda nas apreensões de armas e drogas (queda de 16,6% e 6,2%, respectivamente, comparando 2007 e 2006) e o aumento no número de mortos pela polícia (27,3%).
"Esperamos que, nas áreas do PAC, eles reconheçam que fizeram tudo errado", afirmou.
De acordo com policiais, agentes se aproximaram de um dos chefes do tráfico local, Márcio da Silva Lima, o Tola, e os traficantes reagiram de forma mais violenta. Ele havia fugido.


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