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Prova sobre ambiente reprova 1/3 dos alunos
Exame feito em 57 países colocou Brasil na 54ª posição; 37% dos alunos apresentaram conhecimento mínimo sobre questões ambientais
Jovens têm de estar preparados para lidar com
o tema, diz relatório; para docente, país precisa investir em formação de professores
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Mais de um terço dos alunos
brasileiros têm nível mínimo
de conhecimento sobre questões ambientais. Entre 57 nações comparadas, só três (Catar, Quirguistão e Azerbaijão)
obtiveram resultados piores.
Essas são as conclusões de
um estudo divulgado na última
terça-feira pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico),
que, de três em três anos, organiza o Pisa, exame internacional que compara o desempenho de jovens de 15 anos em leitura, matemática e ciências.
O último exame, aplicado em
2006, teve como foco principal
o aprendizado de ciências. O estudo mais recente selecionou,
dessa prova, apenas as questões
relacionadas à preservação do
ambiente, como consequências
do aquecimento global, poluição, fontes de energia alternativas, entre outras.
No Brasil, 37% dos estudantes ficaram abaixo do nível
mais baixo de conhecimento
sobre essas questões e apenas
5% ficaram na escala máxima.
A Finlândia, país com melhor
desempenho, teve 6% dos estudantes abaixo do menor nível e
25% no maior.
A média dos países da OCDE
(entidade que reúne principalmente as nações desenvolvidas
da Europa, América do Norte e
Ásia) é de 16% dos estudantes
abaixo do menor nível da escala
e 19% no topo.
O estudo destaca a importância de preparar os jovens em
conhecimentos para lidar com
os desafios ambientais.
Uma constatação positiva do
trabalho é que a maioria dos estudantes em quase todos os
países e níveis de renda, inclusive no Brasil, se mostraram
preocupados e conscientes de
que é preciso agir.
Para 97% dos jovens brasileiros, por exemplo, a poluição do
ar é um tema que exige séria
preocupação da sociedade. Só
21% deles se mostraram otimistas com relação à possibilidade de melhoria nos próximos
20 anos, caso nada seja feito.
O desafio, diz o relatório, é
dar aos alunos conhecimentos
e habilidades para entenderem
melhor as questões ambientais.
Um exemplo citado pela OCDE é o fato de que mais de 90%
dos alunos que fizeram o exame em 2006 disseram estar familiarizados com o tema da poluição do ar. No entanto, numa
questão sobre a chuva ácida,
quando questionados a citar
uma fonte de poluição -como
emissões de gases por carros ou
fábricas- metade não foi capaz
de dar uma resposta correta.
Para Marta Feijó Barroso,
professora do Instituto de Física da UFRJ e autora de estudos
sobre o ensino de ciências no
Brasil, é preciso investir mais
na formação de professores,
que, disse, é um das principais
características dos países bem
avaliados, como a Finlândia.
"Os estudantes falam muito
sobre ambiente, mas sabem
pouco a respeito. Para isso, é
fundamental preparar melhor
os professores. Malformado e
sem segurança para trabalhar
questões complexas e que envolvem o conhecimento interdisciplinar, a tendência é esse
profissional adotar a lei do menor esforço e priorizar o discurso político, sem se aprofundar
no conhecimento", disse.
Para ela, sem isso, de pouco
adiantará introduzir questões
no currículo ou cobrar dos professores melhores resultados
em avaliações externas.
Na última versão do exame,
de 2006, os estudantes brasileiros ficaram nas últimas colocações nos rankings de ciências,
leitura e matemática.
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