ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos anos 80, Jesus abriu uma panificadora em Osasco, na Grande SP, em sociedade com os irmãos. Um deles, Paulo, contou à Folha com os olhos pregados na TV durante o programa policial: "Parece que meu irmão estava pressentindo que partiria, deixou tudo arrumado".
Além da padaria, Jesus Guido da Silveira tinha começado um novo negócio no mesmo bairro: havia montado um salão de eventos por influência do irmão -Paulo, inclinado às artes, além de gerente da padaria, canta num grupo musical chamado Ferramenta do Forró.
Nascido em Comendador Gomes (MG), Jesus, 51, chegou a SP no fim dos anos 70. No início, diz o irmão, conseguiu um emprego na Fotoptica e, depois, foi para o Banespa Corretora.
Contador, era funcionário público havia 14 anos, afirma Paulo. Chegou a presidir o Sindjutesp (Sindicato dos Julgadores Tributários do Estado de São Paulo).
Nos anos 90, tentou ser político: em 1998, 286 eleitores acreditaram que ele poderia ser deputado estadual.
Nos últimos dias, estava "feliz da vida", reformando a padaria. "Ele foi meu pai, minha mãe, mais do que um irmão", conta Paulo.
Na segunda, chegou à padaria e presenciou dois homens roubando o caixa. Achou que só um estava armado, tentou tirar-lhe o revólver e levou, do outro bandido, um tiro na cabeça.
Na fuga, de moto, o criminoso atropelou e matou uma mulher. Um suspeito foi preso e outro está sendo procurado. Jesus deixa quatro filhos e uma neta.

obituario@grupofolha.com.br


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