São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ADMINISTRAÇÃO

Extensão do benefício ao tribunal, que não constava do projeto original, voi vetada ontem pelos vereadores

Câmara criou artigo que dá reajuste ao TCM

CHICO DE GOIS
MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O artigo que estendeu aos funcionários do TCM (Tribunal de Contas do Município) o reajuste salarial de até 41,65% dado aos cargos de confiança do Executivo é de autoria da própria Câmara Municipal. Anteontem, alguns vereadores manifestaram surpresa com o aumento dado pelo TCM a seus servidores.
O projeto de lei de Marta Suplicy (PT) com o reajuste aos funcionários da prefeitura foi aprovado no final de março.
Ontem, o líder da prefeita na Câmara, José Mentor (PT), afirmou que o projeto original não continha o artigo que diz que "as disposições contidas nesta lei aplicam-se, no que couber, aos servidores..., Câmara e TCM".
Mentor disse que a inclusão do artigo aconteceu depois que os vereadores da base reivindicaram aumento salarial para os demais servidores. Segundo ele, a prefeita mandou uma emenda ao projeto de lei garantindo piso de R$ 360 aos funcionários, o que daria um abono de cerca de R$ 100.
Depois disso, os vereadores incluíram a emenda 7, para garantir que esse abono fosse estendido aos servidores da Câmara e do TCM, por isonomia.
A interpretação dada a essa emenda, no entanto, foi a de que ela estendia aos demais servidores não apenas o abono, mas também o reajuste de até 41,65%.
A emenda 7 foi assinada por 22 vereadores. De acordo com Mentor, na hora de redigi-la, os vereadores se guiaram pelo artigo 225 do Estatuto do Funcionalismo, que garante a isonomia. "Foi um artigo burocrático", disse.
O secretário de Comunicação e Informação Social da prefeitura, Valdemir Garreta, distribuiu nota na qual afirma que o projeto de lei encaminhado por Marta não previa que o reajuste também atingisse os salários do TCM e da Câmara. "Essa extensão ocorreu na proposição da emenda apresentada pela Câmara, que tratava do abono", diz a nota.

Veto
Ontem, depois de muita discussão, a Câmara aprovou por 37 votos favoráveis e dez abstenções (seis delas do PSDB), projeto de resolução da Mesa da Câmara que veta o reajuste aos funcionários da Casa e do TCM.
Segundo o presidente da Câmara, José Eduardo Martins Cardozo (PT), o tribunal terá de descontar dos próximos salários a quantia a mais paga aos servidores.
A polêmica sobre o reajuste dos funcionários da Câmara e do TCM teve início anteontem, durante depoimento do chefe da assessoria jurídica do tribunal, Murilo Magalhães Castro, na CPI do TCM, revelando que havia recebido um reajuste de R$ 1.900, passando a receber R$ 17 mil.
Os vereadores demonstraram surpresa com o fato e José Eduardo Martins Cardozo disse que o TCM não poderia ter aplicado o reajuste sem autorização da Câmara. O TCM, por sua vez, informou que "apenas cumpriu a lei".

PSDB
O PSDB defendeu ontem a aplicação do reajuste aos servidores do TCM. Em nota à imprensa, o partido afirmou que desde o início foi contrário ao projeto e que o TCM, "ao estender retroativamente o reajuste a seus servidores, apenas aplicou a lei".
O partido também informou que na próxima terça-feira deverá protocolar no TJ (Tribunal de Justiça) uma representação alegando inconstitucionalidade no projeto da prefeita.
O partido se baseia no artigo 29º, inciso 5º da Constituição que diz que a iniciativa de dar subsídios a secretários e outros servidores deve partir do Legislativo e não do Executivo. Para Cardozo, o reajuste não pode ser considerado um subsídio.



Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Trânsito: CET monta um esquema especial para show dos Backstreet Boys
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.