São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2001

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MOTIM

Acusado de desviar avião da Vasp no ano passado, quando foram roubados R$ 5,5 mi, Borelli consegue ser transferido do DF

PF cede a sequestrador após rebelião

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com uma arma de fabricação caseira, o assaltante Marcelo Moacir Borelli e outros três presos mantiveram refém por cinco horas o chefe da custódia da Superintendência da Polícia Federal, Marco Antônio do Rego Bandeira, na primeira rebelião no local.
Os quatro presos reivindicavam a transferência da Superintendência da PF, em Brasília, para os Estados onde respondem a processos. Apesar de não ter participado diretamente da ação, Renata Aparecida dos Santos, acusada de pertencer ao grupo de Borelli e também presa no local, estava na lista da reivindicação de transferência.
Eles são acusados de participar no ano passado do sequestro de um Boeing da Vasp, que ia de Foz do Iguaçu para Curitiba, quando foram roubados R$ 5,5 milhões.
Borelli, tido pela Polícia Federal como um dos chefes de uma "megaquadrilha" especializada em assaltos a aeroportos, bancos e carros-fortes, é acusado ainda de ter torturado uma criança de três anos. Ele estava preso na PF desde outubro do ano passado.
Ontem, Borelli, Renata e outros três detentos que participaram da ação foram transferidos para outros Estados. O Ministério da Justiça determinou abertura de inquérito para investigar a rebelião.
A Superintendência da PF abriga 22 presos, entre eles o traficante Fernandinho Beira-Mar.
A rebelião começou às 8h10, quando Bandeira abria as celas para o banho de sol dos presos. Ao abrir a cela de Borelli, foi rendido com um estoque (faca de fabricação caseira) por ele e outros três presos -Roberto Soriano, Daniel Vinicius Canônimo e Sérgio de Oliveira Silva.
Eles ameaçavam Bandeira com uma segunda arma, que mais tarde os agentes disseram ser uma pistola feita de sabão e madeira.
Apenas duas celas -onde estavam Borelli e seus companheiros- haviam sido abertas por Bandeira no momento da rebelião. Os demais presos ficaram em suas celas, inclusive Renata.
De acordo com a assessoria da PF, Soriano, Canônimo e Silva já tinham autorização para transferência para São Paulo. Apenas Borelli e Renata ainda não podiam ser transferidos, mas a saída deles já estava sendo negociada.
Segundo o advogado de Borelli, Flávio de Pilla, ele tentava sua transferência havia seis meses.
Fernandinho Beira-Mar, preso na semana passada, estava no mesmo corredor em que ocorreu a rebelião, mas a polícia nega a participação dele. No entanto o primeiro contato dos rebelados foi feito por telefone celular com o advogado de Beira-Mar, Adalberto Lustosa, que agiu, nos primeiros momentos do motim, como porta-voz do grupo. Logo no início da manhã, ele falou com Bandeira, que lhe garantiu estar bem.
Por seu intermédio, o grupo pediu que a imprensa fosse chamada e que um membro da Comissão de Direitos Humanos estivesse presente na negociação, como garantia de não-violência. O deputado federal Nilmário Miranda, da comissão, acompanhou essas negociações.
A rebelião terminou às 13h, após o juiz Ronaldo Desterro, da 10ª Vara Criminal do DF, ter concedido a autorização para transferência de Borelli para o Paraná e de Renata para São Paulo.


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