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MOTIM
Acusado de desviar avião da Vasp no ano passado, quando foram roubados R$ 5,5 mi, Borelli consegue ser transferido do DF
PF cede a sequestrador após rebelião
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com uma arma de fabricação
caseira, o assaltante Marcelo
Moacir Borelli e outros três presos
mantiveram refém por cinco horas o chefe da custódia da Superintendência da Polícia Federal,
Marco Antônio do Rego Bandeira, na primeira rebelião no local.
Os quatro presos reivindicavam
a transferência da Superintendência da PF, em Brasília, para os Estados onde respondem a processos. Apesar de não ter participado
diretamente da ação, Renata Aparecida dos Santos, acusada de pertencer ao grupo de Borelli e também presa no local, estava na lista
da reivindicação de transferência.
Eles são acusados de participar
no ano passado do sequestro de
um Boeing da Vasp, que ia de Foz
do Iguaçu para Curitiba, quando
foram roubados R$ 5,5 milhões.
Borelli, tido pela Polícia Federal
como um dos chefes de uma "megaquadrilha" especializada em assaltos a aeroportos, bancos e carros-fortes, é acusado ainda de ter
torturado uma criança de três
anos. Ele estava preso na PF desde
outubro do ano passado.
Ontem, Borelli, Renata e outros
três detentos que participaram da
ação foram transferidos para outros Estados. O Ministério da Justiça determinou abertura de inquérito para investigar a rebelião.
A Superintendência da PF abriga 22 presos, entre eles o traficante Fernandinho Beira-Mar.
A rebelião começou às 8h10,
quando Bandeira abria as celas
para o banho de sol dos presos.
Ao abrir a cela de Borelli, foi rendido com um estoque (faca de fabricação caseira) por ele e outros
três presos -Roberto Soriano,
Daniel Vinicius Canônimo e Sérgio de Oliveira Silva.
Eles ameaçavam Bandeira com
uma segunda arma, que mais tarde os agentes disseram ser uma
pistola feita de sabão e madeira.
Apenas duas celas -onde estavam Borelli e seus companheiros- haviam sido abertas por
Bandeira no momento da rebelião. Os demais presos ficaram em
suas celas, inclusive Renata.
De acordo com a assessoria da
PF, Soriano, Canônimo e Silva já
tinham autorização para transferência para São Paulo. Apenas
Borelli e Renata ainda não podiam ser transferidos, mas a saída
deles já estava sendo negociada.
Segundo o advogado de Borelli,
Flávio de Pilla, ele tentava sua
transferência havia seis meses.
Fernandinho Beira-Mar, preso
na semana passada, estava no
mesmo corredor em que ocorreu
a rebelião, mas a polícia nega a
participação dele. No entanto o
primeiro contato dos rebelados
foi feito por telefone celular com o
advogado de Beira-Mar, Adalberto Lustosa, que agiu, nos primeiros momentos do motim, como
porta-voz do grupo. Logo no início da manhã, ele falou com Bandeira, que lhe garantiu estar bem.
Por seu intermédio, o grupo pediu que a imprensa fosse chamada e que um membro da Comissão de Direitos Humanos estivesse presente na negociação, como
garantia de não-violência. O deputado federal Nilmário Miranda, da comissão, acompanhou essas negociações.
A rebelião terminou às 13h,
após o juiz Ronaldo Desterro, da
10ª Vara Criminal do DF, ter concedido a autorização para transferência de Borelli para o Paraná e
de Renata para São Paulo.
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