São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2004

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PATRIMÔNIO

Sem receber verba do governo federal, fundação que cuida da Serra da Capivara demitiu 38 funcionários na sexta

Parque no Piauí espera patrocínio estatal

EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Um contrato de patrocínio estatal é tratado como a saída para que não seja paralisada a maior parte da estrutura de cuidados e manutenção do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, que foi parcialmente desmontada na sexta-feira passada.
O parque, que fica em São Raimundo Nonato (534 km de Teresina), foi criado em 1971 pelo governo federal. Abriga sítios arqueológicos e paleontológicos, onde há pinturas rupestres milenares. É considerado patrimônio da humanidade pela Unesco.
A Fundham (Fundação Museu do Homem Americano), que elaborou o Plano de Manejo do parque e o gerencia em parceria com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), ameaçava paralisar totalmente as suas atividades em razão do que considera falta de apoio do governo federal. Dos 76 funcionários que mantinha, demitiu 38 -que cuidavam do museu- na sexta-feira.
Os 38 restantes só não perderam o emprego porque a arqueóloga Niéde Guidon, que representa a Fundham, disse que recebeu um apelo de Cecília Ferraz, diretora de Ecossistemas do Ibama, para que mantivesse seus funcionários que cuidam do parque.
A reportagem não conseguiu falar com Ferraz. Ivan Carlos Baptiston, da Coordenação Geral de Unidades de Conservação do Ibama, confirmou que houve o contato. "Eu não sei os termos da conversa, mas certamente foi na linha de sustentação da parceria."
A assessoria de imprensa do Minc (Ministério da Cultura) informou que R$ 601 mil deverão ser liberados para a Fundham, "nos próximos dias", por meio do Fundo Nacional de Cultura.
Segundo Guidon, esse recurso será empregado para a solução de problemas já apontados, como a conservação de pinturas rupestres. "O problema que temos é com o financiamento mensal."
Parte desse dinheiro poderá vir por meio de parceria que a Fundham busca fechar com os Correios e a Petrobras, que renderia R$ 230 mil mensais. A fundação pretende se valer de projeto de captação de recursos, por meio da Lei Rouanet, enviado ao Minc. Uma reunião com representantes das partes deverá acontecer nos dias 17 e 18 deste mês.

Falta de recursos
Nenhum repasse de dinheiro por parte do governo federal foi feito neste ano à Fundham. Em 2003, foram R$ 248.620.
Guidon disse que recursos enviados por instituições estrangeiras e da Fundham têm financiado os trabalhos para preservação do parque. "A situação chegou ao cúmulo de, nos últimos tempos, estarmos pagando combustível para o pessoal do Ibama trabalhar."
Segundo a arqueóloga, o dinheiro que poderá vir com o patrocínio cobriria os custos para manter a atual equipe que cuida da manutenção e daria para readmitir os dispensados. Em 2002, a fundação contava com 140. Hoje, são apenas 38. Guidon estima que necessitaria de uma equipe de 220 a 250 pessoas para cuidar adequadamente do parque.


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