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PATRIMÔNIO
Sem receber verba do governo federal, fundação que cuida da Serra da Capivara demitiu 38 funcionários na sexta
Parque no Piauí espera patrocínio estatal
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
Um contrato de patrocínio estatal é tratado como a saída para
que não seja paralisada a maior
parte da estrutura de cuidados e
manutenção do Parque Nacional
da Serra da Capivara, no Piauí,
que foi parcialmente desmontada
na sexta-feira passada.
O parque, que fica em São Raimundo Nonato (534 km de Teresina), foi criado em 1971 pelo governo federal. Abriga sítios arqueológicos e paleontológicos,
onde há pinturas rupestres milenares. É considerado patrimônio
da humanidade pela Unesco.
A Fundham (Fundação Museu
do Homem Americano), que elaborou o Plano de Manejo do parque e o gerencia em parceria com
o Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis), ameaçava
paralisar totalmente as suas atividades em razão do que considera
falta de apoio do governo federal.
Dos 76 funcionários que mantinha, demitiu 38 -que cuidavam
do museu- na sexta-feira.
Os 38 restantes só não perderam o emprego porque a arqueóloga Niéde Guidon, que representa a Fundham, disse que recebeu
um apelo de Cecília Ferraz, diretora de Ecossistemas do Ibama,
para que mantivesse seus funcionários que cuidam do parque.
A reportagem não conseguiu falar com Ferraz. Ivan Carlos Baptiston, da Coordenação Geral de
Unidades de Conservação do Ibama, confirmou que houve o contato. "Eu não sei os termos da
conversa, mas certamente foi na
linha de sustentação da parceria."
A assessoria de imprensa do
Minc (Ministério da Cultura) informou que R$ 601 mil deverão
ser liberados para a Fundham,
"nos próximos dias", por meio do
Fundo Nacional de Cultura.
Segundo Guidon, esse recurso
será empregado para a solução de
problemas já apontados, como a
conservação de pinturas rupestres. "O problema que temos é
com o financiamento mensal."
Parte desse dinheiro poderá vir
por meio de parceria que a Fundham busca fechar com os Correios e a Petrobras, que renderia
R$ 230 mil mensais. A fundação
pretende se valer de projeto de
captação de recursos, por meio da
Lei Rouanet, enviado ao Minc.
Uma reunião com representantes
das partes deverá acontecer nos
dias 17 e 18 deste mês.
Falta de recursos
Nenhum repasse de dinheiro
por parte do governo federal foi
feito neste ano à Fundham. Em
2003, foram R$ 248.620.
Guidon disse que recursos enviados por instituições estrangeiras e da Fundham têm financiado
os trabalhos para preservação do
parque. "A situação chegou ao cúmulo de, nos últimos tempos, estarmos pagando combustível para o pessoal do Ibama trabalhar."
Segundo a arqueóloga, o dinheiro que poderá vir com o patrocínio cobriria os custos para
manter a atual equipe que cuida
da manutenção e daria para readmitir os dispensados. Em 2002, a
fundação contava com 140. Hoje,
são apenas 38. Guidon estima que
necessitaria de uma equipe de 220
a 250 pessoas para cuidar adequadamente do parque.
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