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Assassino de Liana e Felipe é recapturado
Jovem retornou para a antiga Febem por ordem judicial; governo queria transferi-lo para um presídio de tratamento psiquiátrico
A polícia de São Paulo investiga se funcionários da Fundação Casa -nova denominação da antiga
Febem- facilitaram a fuga
KLEBER TOMAZ
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O mentor do seqüestro e assassinato do casal de namorados Liana Friedenbach, 16, e
Felipe Caffé, 19, foi recapturado ontem de madrugada pela
Polícia Militar, 8 horas e 25 minutos após ter fugido do complexo Vila Maria (zona norte de
São Paulo) da Fundação Casa
-novo nome da antiga Febem.
O rapaz, de 20 anos, retornou
para a instituição. Ele foi levado para uma unidade de saúde,
segundo ordem judicial.
Ontem, o juiz Trazíbulo José
Ferreira da Silva, do Departamento de Infância e Juventude, negou o pedido do governo
José Serra (PSDB) de transferi-lo para o Hospital Casa de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Taubaté (130 km de SP).
O governo paulista anunciou
ontem que vai recorrer ao TJ
(Tribunal de Justiça) para anular essa decisão judicial.
O local é um presídio que
abriga detentos (ou seja, que
cometeram crimes após os 18
anos) e que estão interditados
judicialmente -presos com
problemas psiquiátricos.
Seguindo sugestão do Ministério Público, o juiz ordenou
que o assassino de Liana fosse
levado para uma unidade experimental de saúde da Fundação
Casa. "Mesmo tendo o infrator
mais de 18 anos, é inadmissível
seu encaminhamento à unidade do sistema prisional", escreveu o juiz. Na época do crime, o
jovem tinha 16 anos.
Ele foi detido pela Rota (Rondas Ostensivas Tobias de
Aguiar) da PM em Ferraz de
Vasconcelos (39 km da capital),
na casa de uma "tia de criação"
de um jovem de 17 anos, acusado de roubo com agressão, que
também fugiu com ele.
Os policiais localizaram os
rapazes após o assassino de
Liana telefonar, por volta das
23h, para a casa de seu irmão,
em Embu-Guaçu (Grande São
Paulo), para pedir dinheiro.
A Rota estava na casa. O irmão, então, combinou a entrega do dinheiro em Ferraz de
Vasconcelos e repassou o endereço para os PMs. Quando os
policiais chegaram à casa, às
2h40, os dois fugitivos se mostraram surpresos, mas não
mostraram resistência. "Esperavam êxito na fuga", disse o tenente Marcelo Alves, da Rota.
Escada
A fuga da unidade Tietê, onde
estão internos que cometeram
infrações graves (estupro, assalto com violência e trafico de
drogas), ocorreu por volta das
18h15 de anteontem.
Os jovens usaram uma escada - sobre um local onde era
armazenado gás-, usada para a
reforma do local, para pular o
muro de seis metros da unidade -suspeita-se que funcionários facilitaram a fuga dos dois.
"A corregedoria vai apurar se
houve dolo, se foi sem querer
ou se teve negligência", disse
Berenice Gianella, presidente
da Fundação Casa. Do lado de
fora do muro havia mudas de
roupas, segundo a fundação.
Anteontem, havia 19 funcionários da unidade Tietê, além do
diretor.
O delegado-geral de Polícia
de São Paulo, Mário Jordão de
Toledo Leme, determinou que
a 1ª Delegacia Seccional investigue se houve facilitação da fuga por parte de funcionários na
fuga e também se a "tia de criação" do outro jovem e mais
quatro pessoas -sendo dois
adolescentes- que estavam na
casa acobertaram os foragidos.
A morte de Liana ocorreu em
5 de novembro de 2003 numa
área rural de Embu-Guaçu. O
então jovem de 16 anos estuprou a menina e a matou a facadas (foram 15). Três dias antes,
atraíra Felipe para uma emboscada na qual ele foi morto por
Paulo Cesar da Silva Marques,
o Pernambuco, réu confesso,
único que ainda não foi julgado.
O casal tinha ido acampar.
A Folha não identifica os jovens em cumprimento ao ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente), que veta, inclusive, a
divulgação de apelidos de menores infratores. A proibição
continua valendo apesar de o
assassino de Liana ter hoje
mais de 18 anos.
Segundo o promotor da Infância e Juventude Wilson Tafner, a divulgação de qualquer
informação que permita a
identificação de jovens infratores é passível de punição. "O
ECA garante o sigilo. E não é só
por ele, é para proteger todos
os adolescentes, inclusive os
que cometeram delitos leves".
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