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Estudantes invadem o gabinete da reitora da USP
Suely Vilela, que faz viagem oficial à Espanha, não estava em sua sala ontem
Os cerca de 300 alunos exigem posição da reitora sobre a criação pelo governo José Serra da Secretaria
de Ensino Superior
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 300 estudantes
ocuparam ontem a reitoria da
USP. Eles quebraram três portas de vidro, e alguns móveis foram amontados na entrada do
gabinete da reitora. Segundo
eles, a invasão ocorreu para forçar a direção da instituição a se
posicionar sobre as políticas do
governador José Serra (PSDB)
no ensino superior.
A estimativa do número de
estudantes na invasão, que
ocorreu às 17h30, é de representantes dos alunos e da prefeitura do campus. Não houve
registro de feridos ou de confronto com a Guarda Universitária. Até o fechamento desta
edição, os manifestantes permaneciam no local.
O movimento exige que a reitora, Suely Vilela, se posicione
sobre as medidas tomadas pela
gestão Serra no início do ano.
Entre elas estão a criação da Secretaria de Ensino Superior (as
escolas estavam antes na Secretaria de Ciência e Tecnologia) e a inclusão das universidades no Siafem (sistema de gerenciamento orçamentário).
Para os estudantes, o governo restringiu a autonomia universitária com as medidas.
A gestão Serra nega as críticas. Ela afirma que a secretaria
foi criada para valorizar as universidades e que o Siafem será
utilizado apenas para dar mais
transparência aos gastos.
Vilela não estava na universidade no momento da ocupação
-ela está em viagem oficial à
Espanha. O vice-reitor, Franco
Maria Lajolo, disse "ser triste [a
manifestação] ter sido dessa
forma, porque a reitoria sempre esteve aberta ao diálogo".
"Ocupamos porque a reitora
não apareceu em nossas assembléias para se pronunciar", disse Claudia Drummond, 20, aluna de letras, escolhida para divulgar informações sobre o ato.
"É a primeira vez que o gabinete do reitor é invadido", disse
o prefeito do campus, Adilson
Carvalho. "Estudantes já invadiram a reitoria, mas não o gabinete. Foi quase uma ação de
guerrilha. Eles entraram quebrando." Ele afirmou que os
prejuízos ainda não haviam sido calculados.
Os estudantes dizem que
quebraram as portas porque a
segurança tentou impedir a entrada deles, quando apenas
queriam levar suas reivindicações. Após a ocupação, eles exigiram que os funcionários deixassem a reitoria.
Uma das principais estudiosas do genoma humano no país,
a pró-reitora de pesquisa da
universidade, Mayana Zatz, teve de negociar por cerca de dez
minutos com os alunos para
pegar sua bolsa na sua sala. Um
dos estudantes que não queriam deixá-la entrar estava de
chinelo e bermuda.
A maioria dos manifestantes
era da FFLCH (Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Alguns trajavam camisa do PSTU e do Conlute, organização de estudantes que
rompeu com a UNE.
Já a Adusp (associação dos
docentes) aprovou uma paralisação na próxima quinta-feira,
para protestar contra as ações
de Serra e apoiar o movimento
do funcionalismo público, que
se reunirá na avenida Paulista.
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