São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2007

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Estudantes invadem o gabinete da reitora da USP

Suely Vilela, que faz viagem oficial à Espanha, não estava em sua sala ontem

Os cerca de 300 alunos exigem posição da reitora sobre a criação pelo governo José Serra da Secretaria de Ensino Superior FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 300 estudantes ocuparam ontem a reitoria da USP. Eles quebraram três portas de vidro, e alguns móveis foram amontados na entrada do gabinete da reitora. Segundo eles, a invasão ocorreu para forçar a direção da instituição a se posicionar sobre as políticas do governador José Serra (PSDB) no ensino superior.
A estimativa do número de estudantes na invasão, que ocorreu às 17h30, é de representantes dos alunos e da prefeitura do campus. Não houve registro de feridos ou de confronto com a Guarda Universitária. Até o fechamento desta edição, os manifestantes permaneciam no local.
O movimento exige que a reitora, Suely Vilela, se posicione sobre as medidas tomadas pela gestão Serra no início do ano. Entre elas estão a criação da Secretaria de Ensino Superior (as escolas estavam antes na Secretaria de Ciência e Tecnologia) e a inclusão das universidades no Siafem (sistema de gerenciamento orçamentário).
Para os estudantes, o governo restringiu a autonomia universitária com as medidas.
A gestão Serra nega as críticas. Ela afirma que a secretaria foi criada para valorizar as universidades e que o Siafem será utilizado apenas para dar mais transparência aos gastos.
Vilela não estava na universidade no momento da ocupação -ela está em viagem oficial à Espanha. O vice-reitor, Franco Maria Lajolo, disse "ser triste [a manifestação] ter sido dessa forma, porque a reitoria sempre esteve aberta ao diálogo".
"Ocupamos porque a reitora não apareceu em nossas assembléias para se pronunciar", disse Claudia Drummond, 20, aluna de letras, escolhida para divulgar informações sobre o ato.
"É a primeira vez que o gabinete do reitor é invadido", disse o prefeito do campus, Adilson Carvalho. "Estudantes já invadiram a reitoria, mas não o gabinete. Foi quase uma ação de guerrilha. Eles entraram quebrando." Ele afirmou que os prejuízos ainda não haviam sido calculados.
Os estudantes dizem que quebraram as portas porque a segurança tentou impedir a entrada deles, quando apenas queriam levar suas reivindicações. Após a ocupação, eles exigiram que os funcionários deixassem a reitoria.
Uma das principais estudiosas do genoma humano no país, a pró-reitora de pesquisa da universidade, Mayana Zatz, teve de negociar por cerca de dez minutos com os alunos para pegar sua bolsa na sua sala. Um dos estudantes que não queriam deixá-la entrar estava de chinelo e bermuda.
A maioria dos manifestantes era da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Alguns trajavam camisa do PSTU e do Conlute, organização de estudantes que rompeu com a UNE.
Já a Adusp (associação dos docentes) aprovou uma paralisação na próxima quinta-feira, para protestar contra as ações de Serra e apoiar o movimento do funcionalismo público, que se reunirá na avenida Paulista.



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