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RUY DE SALLES CUNHA (1932-2010)
A casa no alto da figueira, as aves e os eletrônicos
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Construir era o que Ruy de
Salles Cunha mais gostava de
fazer, como conta a mulher,
Cecília. Bastava ter uma ideia
que logo saía medindo espaços e encomendando o material necessário para a obra.
Os netos sabiam disso.
Quando foram certa vez para
a Alemanha, mandaram para
ele uma foto de uma casa de
meio metro quadrado equilibrada numa árvore. Aquilo
havia arrebatado a meninada.
Ruy, então, fez a alegria dos
netos no alto da enorme figueira de seu sítio, em Valinhos (SP). Ergueu sobre a árvore uma casa bem maior,
com sala, quarto, cozinha e
banheiro. E foi dormir com a
mulher lá, para experimentar.
Nascido em SP, Ruy adorava o campo. Criou faisões, pavões, cisnes e galinhas ornamentais. Há uns 30 anos, foi à
TV mostrar um de seus galos
com um rabo de dois metros.
Teve também cavalos.
Em relação a seu lado urbano, formou-se em direito e em
administração pelo Mackenzie. No começo, teve um escritório de advocacia, mas depois mudou de área.
Por 42 anos, trabalhou nas
Indústrias Pereira Lopes, fabricante de geladeiras.
De 2003 a 2007, presidiu a
Abinee (Associação Brasileira
da Indústria Elétrica e Eletrônica) e combateu as importações ilegais. Ao assumir, diz o
órgão, 73% dos computadores
no país tinham componentes
importados ilegalmente. Hoje, o número caiu para 30%.
No sábado, Ruy morreu aos
78 anos, de insuficiência cardíaca. Deixa viúva, quatro filhos e sete netos, já crescidinhos para a casa da árvore.
coluna.obituario@uol.com.br
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