São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2010

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RUY DE SALLES CUNHA (1932-2010)

A casa no alto da figueira, as aves e os eletrônicos

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Construir era o que Ruy de Salles Cunha mais gostava de fazer, como conta a mulher, Cecília. Bastava ter uma ideia que logo saía medindo espaços e encomendando o material necessário para a obra. Os netos sabiam disso.
Quando foram certa vez para a Alemanha, mandaram para ele uma foto de uma casa de meio metro quadrado equilibrada numa árvore. Aquilo havia arrebatado a meninada.
Ruy, então, fez a alegria dos netos no alto da enorme figueira de seu sítio, em Valinhos (SP). Ergueu sobre a árvore uma casa bem maior, com sala, quarto, cozinha e banheiro. E foi dormir com a mulher lá, para experimentar.
Nascido em SP, Ruy adorava o campo. Criou faisões, pavões, cisnes e galinhas ornamentais. Há uns 30 anos, foi à TV mostrar um de seus galos com um rabo de dois metros. Teve também cavalos.
Em relação a seu lado urbano, formou-se em direito e em administração pelo Mackenzie. No começo, teve um escritório de advocacia, mas depois mudou de área. Por 42 anos, trabalhou nas Indústrias Pereira Lopes, fabricante de geladeiras.
De 2003 a 2007, presidiu a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) e combateu as importações ilegais. Ao assumir, diz o órgão, 73% dos computadores no país tinham componentes importados ilegalmente. Hoje, o número caiu para 30%.
No sábado, Ruy morreu aos 78 anos, de insuficiência cardíaca. Deixa viúva, quatro filhos e sete netos, já crescidinhos para a casa da árvore.

coluna.obituario@uol.com.br


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