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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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NARCOTRÁFICO

Piloto que trabalharia para o carioca foi visto na casa do paulista Claudinho, preso anteontem no Paraguai

Polícia vê elo entre traficante e Beira-Mar

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia de São Paulo afirma ter conseguido provas da ligação do traficante paulista Claudair Lopes de Faria, conhecido como Claudinho ou CL, preso anteontem, no Paraguai, com os traficantes Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e Leonardo Dias Mendonça, o Leo, preso em Goiás em dezembro, durante a Operação Diamante.
Os três traficantes negociariam drogas diretamente com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas). Claudinho negou as acusações.
Segundo o diretor do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), Ivaney Cayres de Souza, o piloto de avião Silvio Berri Jr., que também trabalharia para Beira-Mar, foi visto por policiais paraguaios na casa onde Claudinho foi preso.
Berri teria ido buscar a mulher que estava com Claudinho. Como a polícia paraguaia não tinha nada contra ele, foi liberado. O Denarc já investigava a hipótese de Claudinho usar as mesmas rotas e os mesmos aviões que Beira-Mar.
Em relação a Mendonça, também suspeito de participar de um esquema de compra de habeas corpus do qual teria se beneficiado, o Denarc descobriu que um telefone para comunicação via satélite que foi encontrado no avião dele foi adquirido pelo próprio Claudinho em São Paulo.
Os policiais acreditam que a quadrilha de Claudinho comercializava cerca de duas toneladas de cocaína por mês. A polícia também investiga a possibilidade de uma indústria de café no Paraguai ter sido usada para lavar dinheiro ou como disfarce para o transporte da droga para o Brasil.
A pasta de cocaína vinda da Colômbia passava pelo Paraguai, de onde era transportada para pistas de avião clandestinas no interior paulista. Depois de feita a preparação, a cocaína era distribuída para o resto de São Paulo, Rio e Minas Gerais. Em São Paulo, Claudinho dominaria mais de 50 favelas, principalmente na região oeste da capital paulista.
Desde o ano passado foram identificados 15 imóveis que pertenceriam à quadrilha de Claudinho-cinco descobertos nos últimos dez dias. A casa onde foi preso é avaliada em US$ 250 mil.
A Cherokee dirigida por Claudinho no momento da prisão pertencia a Ramon Duret, considerado pela polícia um dos principais traficantes paraguaios.
Segundo a polícia, Claudinho teria admitido, em depoimento informal, envolvimento em 50 assassinatos.

Outro lado
Claudinho negou as acusações. "Não tenho avião, quanto mais piloto." Ele disse não conhecer Beira-Mar nem Mendonça.


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