São Paulo, domingo, 04 de junho de 2006

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OTORRINOLARINGOLOGIA/SAÚDE

Exercício físico ajuda na recuperação do equilíbrio

Técnica estimula os neurônios a se adaptarem às novas exigências do organismo

A reabilitação vestibular é uma opção terapêutica cujo objetivo é restaurar o equilíbrio do paciente de maneira simples e eficaz

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Pessoas que sofrem constantemente com tonturas ou vertigens, sintomas típicos de alguma disfunção do sistema vestibular - como a labirintite, por exemplo- têm à disposição uma terapia que pode dispensar o uso de medicamentos: a reabilitação vestibular. Trata-se de uma série de exercícios físicos realizados com acompanhamento médico que tem como objetivo "reeducar" o organismo a ter equilíbrio.
O sistema vestibular é um dos principais responsáveis pela orientação espacial e pelo equilíbrio corporal de uma pessoa. Ele é composto por uma parte periférica -que compreende o labirinto e os nervos vestibulares- e uma parte central -que inclui várias conexões com o sistema nervoso.
"O labirinto é o órgão que vai detectar os nossos movimentos da cabeça e mandar sinais para a estrutura central. Lá, esses sinais serão processados junto com as informações visuais e de postura corporal para que o espaço seja mapeado. Dessa forma é que estabelecemos o nosso equilíbrio", explicou o otoneurologista Fernando Ganança, chefe do setor de reabilitação vestibular da Unifesp.
Quando o labirinto apresenta alguma disfunção -seja ela metabólica, vascular, hormonal ou por traumatismos- essas informações (de movimento e visuais) serão decodificadas de maneira errada, o que vai desencadear o principal sintoma do distúrbio do sistema vestibular, que é a tontura.
Depois de diagnóstico feito por um médico, a reabilitação é indicada para estimular um fenômeno chamado neuroplasticidade (ou plasticidade neural), que é a capacidade dos neurônios de se transformar e de se adaptar de acordo com as exigências do organismo.
São exercícios específicos -que envolvem os olhos, a cabeça e o corpo-, feitos diariamente, que forçam o sistema a voltar a funcionar corretamente e, dessa forma, permitem que a pessoa pare de ter tonturas ou vertigens.
"Com a repetição dos exercícios, o organismo é capaz de recuperar o equilíbrio [mesmo com uma parte do labirinto lesada] de tal forma que ele volta a ter uma resposta adequada", afirmou a fisioterapeuta e gerontóloga Angélica Peixoto.
Uma bailarina ou uma ginasta, por exemplo, conseguem fazer várias piruetas ou equilibrar-se em uma trave sem cair e sem sentir tontura de tanto treinar os sistemas envolvidos com a manutenção do seu equilíbrio corporal.

Indicações
Os especialistas estimam que pelo menos 50% dos pacientes com alguma disfunção do labirinto têm indicação para fazer os exercícios de reabilitação.
Segundo a otoneurologista Roseli Saraiva Moreira Bittar, responsável pelo ambulatório de reabilitação vestibular do Hospital das Clínicas de São Paulo, a indicação da terapia independe da gravidade do problema no labirinto, mas deve ser feita sempre por um profissional especializado, depois do diagnóstico correto da doença.
"É importante que o paciente comece no consultório e depois continue os exercícios em casa. Sem treino, a terapia não tem eficácia. Como terapia suplementar, não há dúvidas que é a melhor opção para os portadores de vestibulopatias", disse.


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