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OTORRINOLARINGOLOGIA/SAÚDE
Exercício físico ajuda na recuperação do equilíbrio
Técnica estimula os neurônios a se adaptarem às novas exigências do organismo
A reabilitação vestibular é uma opção terapêutica cujo objetivo é restaurar o equilíbrio do paciente de maneira simples e eficaz
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Pessoas que sofrem constantemente com tonturas ou vertigens, sintomas típicos de alguma disfunção do sistema vestibular - como a labirintite, por
exemplo- têm à disposição
uma terapia que pode dispensar o uso de medicamentos: a
reabilitação vestibular. Trata-se de uma série de exercícios físicos realizados com acompanhamento médico que tem como objetivo "reeducar" o organismo a ter equilíbrio.
O sistema vestibular é um
dos principais responsáveis pela orientação espacial e pelo
equilíbrio corporal de uma pessoa. Ele é composto por uma
parte periférica -que compreende o labirinto e os nervos
vestibulares- e uma parte central -que inclui várias conexões com o sistema nervoso.
"O labirinto é o órgão que vai
detectar os nossos movimentos
da cabeça e mandar sinais para
a estrutura central. Lá, esses sinais serão processados junto
com as informações visuais e de
postura corporal para que o espaço seja mapeado. Dessa forma é que estabelecemos o nosso equilíbrio", explicou o otoneurologista Fernando Ganança, chefe do setor de reabilitação vestibular da Unifesp.
Quando o labirinto apresenta alguma disfunção -seja ela
metabólica, vascular, hormonal ou por traumatismos- essas informações (de movimento e visuais) serão decodificadas de maneira errada, o que
vai desencadear o principal sintoma do distúrbio do sistema
vestibular, que é a tontura.
Depois de diagnóstico feito
por um médico, a reabilitação é
indicada para estimular um fenômeno chamado neuroplasticidade (ou plasticidade neural),
que é a capacidade dos neurônios de se transformar e de se
adaptar de acordo com as exigências do organismo.
São exercícios específicos
-que envolvem os olhos, a cabeça e o corpo-, feitos diariamente, que forçam o sistema a
voltar a funcionar corretamente e, dessa forma, permitem
que a pessoa pare de ter tonturas ou vertigens.
"Com a repetição dos exercícios, o organismo é capaz de recuperar o equilíbrio [mesmo
com uma parte do labirinto lesada] de tal forma que ele volta
a ter uma resposta adequada",
afirmou a fisioterapeuta e gerontóloga Angélica Peixoto.
Uma bailarina ou uma ginasta, por exemplo, conseguem fazer várias piruetas ou equilibrar-se em uma trave sem cair
e sem sentir tontura de tanto
treinar os sistemas envolvidos
com a manutenção do seu equilíbrio corporal.
Indicações
Os especialistas estimam que
pelo menos 50% dos pacientes
com alguma disfunção do labirinto têm indicação para fazer
os exercícios de reabilitação.
Segundo a otoneurologista
Roseli Saraiva Moreira Bittar,
responsável pelo ambulatório
de reabilitação vestibular do
Hospital das Clínicas de São
Paulo, a indicação da terapia independe da gravidade do problema no labirinto, mas deve
ser feita sempre por um profissional especializado, depois do
diagnóstico correto da doença.
"É importante que o paciente
comece no consultório e depois
continue os exercícios em casa.
Sem treino, a terapia não tem
eficácia. Como terapia suplementar, não há dúvidas que é a
melhor opção para os portadores de vestibulopatias", disse.
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