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Saúde privada cresce 30% desde 2000
Em seis anos, 10,2 milhões passaram a ter um plano de saúde no Brasil; o total subiu de 34,5 milhões para 44,7 milhões
A maior oferta de planos odontológicos, a melhoria na renda da parcela mais pobre da população e o emprego formal são causas apontadas
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Nos últimos seis anos, 10,2
milhões de brasileiros passaram a ter algum plano de saúde.
Esse aumento aconteceu num
ritmo superior ao do crescimento populacional do período
e elevou de 34,5 milhões para
44,7 milhões o total de beneficiários, uma variação de 30%.
Com isso, a taxa de cobertura
do setor aumentou de 20,8%
para 23,9% da população.
O registro desse crescimento
consta do Caderno de Informação da Saúde Suplementar da
ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). A análise ano
a ano mostra que a ampliação
da cobertura aconteceu principalmente nos últimos três
anos, quando, entre dezembro
de 2003 e de 2006, 8,5 milhões
de brasileiros passaram a ter algum tipo de plano de saúde.
Para analistas do setor ouvidos pela Folha, além da vontade de boa parte da população
de não depender da rede pública, as razões desse crescimento
são a oferta cada vez maior de
planos exclusivamente odontológicos, a melhoria na renda
das classes C e D e o crescimento do emprego formal.
O crescimento dos planos
exclusivamente odontológicos
é constatado pelas estatísticas
da ANS. De dezembro de 2000
a dezembro de 2006, o total de
beneficiários nessa categoria
quase triplicou, variando 179%
e passando de 2,8 para 7,8 milhões. Com isso, essa modalidade, que representava somente
8%, hoje chega a 17%.
A mensalidade dos planos
exclusivamente odontológicos
é menor do que a dos hospitalares -alguns custam só R$ 10.
Para muitas empresas, essa
oferta é também uma tentativa
de atrair um público baixa renda que, com o tempo, pode aderir a um plano tradicional.
Quanto ao aumento da renda, os especialistas são unânimes em afirmar que só há espaço para crescimento nas classes C e D. "Nas classes A e B, toda a população já tem plano de
saúde. Foi nas classes C e D que
houve melhoria da renda nos
últimos anos", diz Arlindo de
Almeida, presidente da Abramge (Associação Brasileira de
Medicina de Grupo).
Almeida, apesar de concordar que há espaço para crescimento, diz que as estatísticas
da ANS retratam melhor a realidade só de "dois anos para cá",
pois, até então, o mercado, diz,
estava estagnado, com exceção
dos planos odontológicos.
Humberto Modenezi, superintendente-geral da Unimed-Rio, afirma que a mudança nos
hábitos de consumo das classes
C e D tem permitido o crescimento do setor. No caso das
cooperativas médicas, ele afirma que a rede Unimed -maior
cooperativa do país- cresceu
27% nos últimos dois anos.
"O sonho de consumo das
classes C e D era ter um automóvel. Depois, veio o celular e a
TV por assinatura. A partir do
momento em que eles conseguem isso, passam a desejar
um plano com um bom padrão
de assistência", diz Modenezi.
Cláudio Miranda, superintendente-geral da rede Assim,
acrescenta a percepção de piora no SUS: "O aumento da renda ocorre junto com a piora no
atendimento no serviço público e impulsiona a demanda por
plano de saúde privado".
Fausto Pereira dos Santos,
diretor-presidente da ANS, diz
acreditar que a principal explicação para o crescimento do
setor tem sido a melhoria do
emprego formal: "Apesar dos
planos individuais também
crescerem, a ANS tem registrado um aumento principalmente nos coletivos. Isso se explica
porque, ao entrar numa empresa, o trabalhador imediatamente adere ao plano".
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