São Paulo, segunda-feira, 04 de junho de 2007

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Saúde privada cresce 30% desde 2000

Em seis anos, 10,2 milhões passaram a ter um plano de saúde no Brasil; o total subiu de 34,5 milhões para 44,7 milhões

A maior oferta de planos odontológicos, a melhoria na renda da parcela mais pobre da população e o emprego formal são causas apontadas

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Nos últimos seis anos, 10,2 milhões de brasileiros passaram a ter algum plano de saúde. Esse aumento aconteceu num ritmo superior ao do crescimento populacional do período e elevou de 34,5 milhões para 44,7 milhões o total de beneficiários, uma variação de 30%. Com isso, a taxa de cobertura do setor aumentou de 20,8% para 23,9% da população.
O registro desse crescimento consta do Caderno de Informação da Saúde Suplementar da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). A análise ano a ano mostra que a ampliação da cobertura aconteceu principalmente nos últimos três anos, quando, entre dezembro de 2003 e de 2006, 8,5 milhões de brasileiros passaram a ter algum tipo de plano de saúde.
Para analistas do setor ouvidos pela Folha, além da vontade de boa parte da população de não depender da rede pública, as razões desse crescimento são a oferta cada vez maior de planos exclusivamente odontológicos, a melhoria na renda das classes C e D e o crescimento do emprego formal.
O crescimento dos planos exclusivamente odontológicos é constatado pelas estatísticas da ANS. De dezembro de 2000 a dezembro de 2006, o total de beneficiários nessa categoria quase triplicou, variando 179% e passando de 2,8 para 7,8 milhões. Com isso, essa modalidade, que representava somente 8%, hoje chega a 17%.
A mensalidade dos planos exclusivamente odontológicos é menor do que a dos hospitalares -alguns custam só R$ 10. Para muitas empresas, essa oferta é também uma tentativa de atrair um público baixa renda que, com o tempo, pode aderir a um plano tradicional.
Quanto ao aumento da renda, os especialistas são unânimes em afirmar que só há espaço para crescimento nas classes C e D. "Nas classes A e B, toda a população já tem plano de saúde. Foi nas classes C e D que houve melhoria da renda nos últimos anos", diz Arlindo de Almeida, presidente da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo).
Almeida, apesar de concordar que há espaço para crescimento, diz que as estatísticas da ANS retratam melhor a realidade só de "dois anos para cá", pois, até então, o mercado, diz, estava estagnado, com exceção dos planos odontológicos.
Humberto Modenezi, superintendente-geral da Unimed-Rio, afirma que a mudança nos hábitos de consumo das classes C e D tem permitido o crescimento do setor. No caso das cooperativas médicas, ele afirma que a rede Unimed -maior cooperativa do país- cresceu 27% nos últimos dois anos.
"O sonho de consumo das classes C e D era ter um automóvel. Depois, veio o celular e a TV por assinatura. A partir do momento em que eles conseguem isso, passam a desejar um plano com um bom padrão de assistência", diz Modenezi.
Cláudio Miranda, superintendente-geral da rede Assim, acrescenta a percepção de piora no SUS: "O aumento da renda ocorre junto com a piora no atendimento no serviço público e impulsiona a demanda por plano de saúde privado".
Fausto Pereira dos Santos, diretor-presidente da ANS, diz acreditar que a principal explicação para o crescimento do setor tem sido a melhoria do emprego formal: "Apesar dos planos individuais também crescerem, a ANS tem registrado um aumento principalmente nos coletivos. Isso se explica porque, ao entrar numa empresa, o trabalhador imediatamente adere ao plano".


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