Terreno ao lado do parque da Independência, onde fica o museu Paulista, foi desapropriado pela Prefeitura de SP

Na área seria construído um condomínio com quatro torres; moradores pediam a anexação de área ao parque havia cerca de dez anos

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um vazio urbano de 22 mil metros quadrados, hoje largado à vegetação rasteira e cercado de muros, foi desapropriado pela Prefeitura de São Paulo para ampliação dos 161,3 mil metros quadrados do parque da Independência, no Ipiranga, na zona sul, uma das mais carentes de área verde na cidade.
O terreno, de topografia irregular, deve passar por uma terraplanagem antes de ser anexado ao parque até o fim do ano, segundo espera o subprefeito do Ipiranga, Alexandre Aniz.
Na área, que pertencia à Igreja Ortodoxa Russa, estava prevista a construção de um condomínio residencial de quatro torres.
Os prédios fariam sombra para o mausoléu da Independência e para a Casa do Grito, construída no século 19 e que tem esse nome desde quando, pela sua localização, foi desfigurada para assemelhar-se à casa que está no quadro "O Brado do Ipiranga", de Pedro Américo, o qual mostra d. Pedro 1º proclamando a independência.
Na área de 22 mil metros quadrados está a capela Nossa Senhora da Anunciação, de 1892, uma das mais antigas de São Paulo, que aos domingos celebra missa em russo, num ritual bizantino-eslavo. Ali já houve um convento para formação de freiras russas.

Consulta
"Foi feita uma consulta à comunidade para discutir que tipo de equipamentos seriam instalados ou se seria só uma área verde", afirmou Aniz.
Ontem, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) desapropriou oficialmente o terreno, entre as ruas dos Sorocabanos e Bom Pastor, e vistoriou a área.
"O projeto paisagístico, de urbanização, está a cargo da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. O secretário Eduardo Jorge, em algumas semanas, irá nos apresentar uma minuta do projeto de anexar esse jardim ao parque da Independência", disse. É no parque que fica o museu Paulista, conhecido como museu do Ipiranga.
A prefeitura pagou R$ 9 milhões pela desapropriação, determinada pela Justiça. O valor ainda está sub judice -as freiras discordam do montante.
Há dez anos, moradores da região pediam a anexação da área ao parque. "Não dá para esse terreno continuar aí largado, sem uso nenhum", diz a dona-de-casa Célia Almeida, que ontem passeava no local.
O terreno da capela é tombado pelo Conpresp e pelo Condephaat (órgãos municipal e estadual, respectivamente, do patrimônio histórico), que têm de autorizar a anexação.
Uma pessoa que mora em São Paulo tem o equivalente a 3 m2 de área verde. Já quem vive em Curitiba, possui 51,5 m2.
A capital paulista está muito abaixo do recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde): 12 m2 de área verde por habitante. Segundo a secretaria do Verde, além da quantidade de árvores ser pequena, a distribuição é irregular na cidade.


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