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NICIA PASSOS FONSECA (1914-2008)
A experiência da "dama" pelos pobres
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma frase do escritor Pedro Nava, adotada por Nicia Fonseca, dizia que a experiência é um farol que só ilumina para trás; à frente, tudo
continua escuro. Por isso ela
insistia no asilo e na creche.
"Houvesse pobreza", se metia. E sempre que surgia a hora, derramava a precisa gota
de sabedoria -uma das citações do caderno onde copiava as "coisas bonitas" que lia.
Os atentos olhos verdes
cuidaram de crianças desde
que fora lecionar no Grupo
Escolar Rodrigues Alves, no
número 227 da av. Paulista.
Contava Nicia, orgulhosa,
que ensinara pequenos húngaros e poloneses, refugiados
no Brasil por causa do avanço soviético dos anos 50.
"Sempre de batonzinho", a
aposentada vivia então na
Associação das Damas da Caridade São Vicente de Paulo.
Lá foi tesoureira e presidente, cuidou de creches, asilos e
escolas, dando roupas, comida e remédios conseguidos
com festas e rifas. "O espírito
vicentino habitava nela."
"Católica apostólica romana" sempre foi, desde que
nasceu em Atibaia, filha de
"coronéis do café" da família
Alvim. O nome, perdeu ao casar-se com um ex-soldado da
Revolução Constitucionalista de 1932 -ela que, conta a
filha, fugia com as amigas do
colégio de freiras para passear e namorar os soldados.
Por isso os dois filhos, cinco netos e cinco bisnetos
perderam o sobrenome da
"família quatrocentona". Ela
não teve outro. Viúva aos 34,
"não quis mais casar de jeito
nenhum". Morreu no dia 26,
de falência múltipla dos órgãos, aos 94 anos.
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