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Amiga de brasileiro, comissária quer evitar novo voo para o Rio
DO ENVIADO A PARIS
Escalada para trabalhar no
voo de hoje da Air France entre
Paris e Rio, a comissária de bordo carioca Letícia Hermont teme não ter condições emocionais para cumprir a missão.
Ao deixar o culto de ontem
na catedral de Notre-Dame, visivelmente emocionada, ela segurava uma fotografia de Lucas
Gagliano Jucá, 24, único tripulante brasileiro do voo 447.
"Ele era o meu melhor amigo.
Nós éramos três, que vivíamos
juntos", diz Letícia, impecavelmente vestida com o uniforme
da Air France, como se estivesse pronta para decolar. No voo
de hoje, Jucá, como ela chama o
amigo, estava escalado para
trabalhar a seu lado.
"Acho que vou pedir para não
ir. As lembranças ainda são fortes demais", diz a jovem aeromoça, baixando os olhos como
se fizesse força para conter o
choro. Mas quando é questionada sobre a esperança de haver sobreviventes, ela já não
consegue esconder as lágrimas.
"A esperança é a última que
morre, quem sabe?", diz Letícia, lembrando os "bons momentos" que ela e Lucas tiveram juntos entre Brasil e França. "Entramos juntos na Air
France, mas já éramos amigos
bem antes disso."
A paisagem em torno da catedral de Notre-Dame foi tomada
ontem pelo azul marinho do
uniforme da Air France.
"É claro que a primeira coisa
que vem à cabeça é que poderia
ter sido em um voo meu", confessa o comissário Dominique
Nion, que diz já ter feito o trajeto entre Rio e Paris "dezenas de
vezes". Entre os colegas que
costumam passar tantas horas
no ar, disse ele, ninguém sabe
explicar o que aconteceu.
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