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Casal pede indenização por
causa de falha de preservativo
AUGUSTO GAZIR
de Buenos Aires
A Justiça argentina analisa pedido de indenização feito por casal
que alega ter um filho com suspeita de Aids por causa de falha em
fabricação de preservativo.
Ricardo, 36, e Mariela, 26, -que
preferiram não divulgar os seus
sobrenomes- afirmaram que o
preservativo da marca Prime rompeu quando eles mantinham relações sexuais em julho do ano passado.
Mariela é portadora do HIV. Ricardo não sofreu contágio, mas
depois do rompimento do preservativo a mulher ficou grávida.
A criança nasceu no final de
abril. Segundo Ricardo, o bebê está sob cuidado especial para que os
médicos se certifiquem se ele é ou
não portador do vírus HIV.
"Estamos casados há três anos e
temos todos os cuidados médicos
e preventivos. Depois da gravidez,
Mariela passou a tomar o coquetel
(anti-Aids). Isso destruiu nossa vida. Estamos com medo de fazer
sexo", disse Ricardo.
Defeito de fabricação
O preservativo que rompeu, segundo advogados de Ricardo, pertence a um dos lotes que a indústria norte-americana Ansell, responsável pela fabricação da marca
Prime, Life Style e Contempo, retirou voluntariamente do mercado,
em outubro do ano passado, por
defeito de fabricação.
Ao todo, segundo o FDA (sigla
em inglês para o órgão norte-americano que fiscaliza a produção de
alimentos e medicamentos), foram 57 milhões de preservativos
que poderiam se romper ou vazar
por falha de fabricação, com data
de vencimento entre outubro de
97 e o ano 2000.
Extorsão
A diretoria da Buhl, distribuidora dos preservativos na Argentina,
afirmou que só vai dar explicações
sobre o caso à Justiça.
Segundo publicidade divulgada
nos principais jornais argentinos,
a empresa alega que esses preservativos retirados não chegaram a
ser comercializados. Os preservativos também não teriam sido
vendidos inclusive no mercado argentino, de acordo com parecer
do Ministério da Saúde do país.
A diretoria da Buhl acusa o casal
de tentativa de extorsão. Segundo
a empresa, o casal estaria querendo se promover e conseguir dinheiro com o processo.
Doação à pesquisa
Ricardo e Mariela pedem da
Buhl e da Ansell uma indenização
de US$ 90 milhões. Segundo eles,
90% da quantia será doada a instituições que tentam descobrir uma
vacina para a Aids. Eles também
defendem a prisão dos responsáveis.
"O que nos dizem é que devemos nos proteger da Aids com
preservativos. O que ocorre quando não podemos confiar na única
coisa em que devíamos confiar?
Isso poderia ter acontecido com
qualquer um", afirmou Ricardo.
Ele disse que o casal não cogitou
a hipótese de realizar aborto. "Somos cristãos e, além disso, minha
mulher não quis correr o risco de
fazer um aborto sendo portadora
de HIV", completou.
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