São Paulo, sábado, 04 de julho de 2009

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Site vendia dados pessoais e sigilosos

Informações, incluindo as de artistas e autoridades, eram oferecidas por R$ 25 mensais, mais valor variável por consulta

Operação fecha empresa que oferecia o serviço; na investigação, promotores pesquisaram seus próprios dados no site, todos corretos


DA REPORTAGEM LOCAL

Por R$ 25 mensais, mais um valor variável por consulta, uma empresa da zona sul de São Paulo oferecia pela internet dados sigilosos de pessoas e empresas de todo o país, inclusive de autoridades, artistas e jogadores de futebol. Os dados eram vendidos sem restrição.
A AP Informação foi fechada ontem numa operação conjunta de promotores e policiais civis. Foram apreendidos material de informática na empresa e a lista dos clientes, e foi retirado do ar o conteúdo do site (www.apinformacao.com.br).
Com um clique era possível descobrir, por exemplo, o endereço, o telefone fixo e celular, a renda presumida e todos os veículos já registrados no nome do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e do prefeito Gilberto Kassab (DEM) -além da listagem de seus parentes.
A Folha apurou que, para testar os limites de acesso do site, os promotores pesquisaram os nomes dessas e outras autoridades, como o presidente do Tribunal de Justiça de SP, Roberto Antonio Vallim Bellocchi. Fichas de atores e jogadores de futebol também foram localizadas.
Para ter certeza de que as informações eram verídicas, os promotores pesquisaram seus próprios nomes, e todos os dados bateram. Suas próprias fichas foram impressas e usadas no pedido de busca e apreensão à Justiça. No caso das fichas de autoridades e famosos, os promotores dizem ter tomado o cuidado de não imprimi-las.
Entre a série de dados disponíveis, um dos pontos que mais chamaram a atenção dos promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) foi a existência de informações até mesmo dos vizinhos da pessoa "investigada".
A suspeita é que essa venda de informações tenha auxiliado até mesmo sequestradores a praticarem seus crimes.
O dono da empresa, Alexandre Peric Teixeira, prestou depoimento na tarde de ontem. Durante a apreensão dos objetos, segundo os promotores ouvidos pela reportagem, ele afirmou não ver irregularidade no seu tipo de negócio. Na saída do Ministério Público, Teixeira não quis falar com a Folha.
De acordo com o Ministério Público, a investigação começou por meio de uma denúncia anônima feita em abril. Depois disso, os investigadores começaram a levantar dados e chegaram ao empresário na manhã de ontem. A casa de Teixeira também foi vasculhada.
O Ministério Público disse que ainda contabilizava a quantidade de clientes do site, mas que eram "centenas".
José Serra e o desembargador Bellocchi não quiseram comentar o assunto. Kassab disse, por meio de sua assessoria, que não se pronunciará até conhecer detalhes do caso, mas que, antes de mais nada, classificava a informação como assunto policial.
(ROGÉRIO PAGNAN, MÁRIO CÉSAR CAR VALHO e ANDRÉ CARAMANTE)


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