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Site vendia dados pessoais e sigilosos
Informações, incluindo as de artistas e autoridades, eram oferecidas por R$ 25 mensais, mais valor variável por consulta
Operação fecha empresa que oferecia o serviço; na investigação, promotores pesquisaram seus próprios dados no site, todos corretos
DA REPORTAGEM LOCAL
Por R$ 25 mensais, mais um
valor variável por consulta,
uma empresa da zona sul de
São Paulo oferecia pela internet dados sigilosos de pessoas e
empresas de todo o país, inclusive de autoridades, artistas e
jogadores de futebol. Os dados
eram vendidos sem restrição.
A AP Informação foi fechada
ontem numa operação conjunta de promotores e policiais civis. Foram apreendidos material de informática na empresa
e a lista dos clientes, e foi retirado do ar o conteúdo do site
(www.apinformacao.com.br).
Com um clique era possível
descobrir, por exemplo, o endereço, o telefone fixo e celular, a
renda presumida e todos os veículos já registrados no nome do
governador de São Paulo, José
Serra (PSDB), e do prefeito Gilberto Kassab (DEM) -além da
listagem de seus parentes.
A Folha apurou que, para
testar os limites de acesso do
site, os promotores pesquisaram os nomes dessas e outras
autoridades, como o presidente do Tribunal de Justiça de SP,
Roberto Antonio Vallim Bellocchi. Fichas de atores e jogadores de futebol também foram localizadas.
Para ter certeza de que as informações eram verídicas, os
promotores pesquisaram seus
próprios nomes, e todos os dados bateram. Suas próprias fichas foram impressas e usadas
no pedido de busca e apreensão
à Justiça. No caso das fichas de
autoridades e famosos, os promotores dizem ter tomado o
cuidado de não imprimi-las.
Entre a série de dados disponíveis, um dos pontos que mais
chamaram a atenção dos promotores do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Combate
ao Crime Organizado) foi a
existência de informações até
mesmo dos vizinhos da pessoa
"investigada".
A suspeita é que essa venda
de informações tenha auxiliado até mesmo sequestradores a
praticarem seus crimes.
O dono da empresa, Alexandre Peric Teixeira, prestou depoimento na tarde de ontem.
Durante a apreensão dos objetos, segundo os promotores ouvidos pela reportagem, ele afirmou não ver irregularidade no
seu tipo de negócio. Na saída do
Ministério Público, Teixeira
não quis falar com a Folha.
De acordo com o Ministério
Público, a investigação começou por meio de uma denúncia
anônima feita em abril. Depois
disso, os investigadores começaram a levantar dados e chegaram ao empresário na manhã de ontem. A casa de Teixeira também foi vasculhada.
O Ministério Público disse
que ainda contabilizava a
quantidade de clientes do site,
mas que eram "centenas".
José Serra e o desembargador Bellocchi não quiseram comentar o assunto. Kassab disse, por meio de sua assessoria,
que não se pronunciará até conhecer detalhes do caso, mas
que, antes de mais nada, classificava a informação como assunto policial.
(ROGÉRIO PAGNAN, MÁRIO CÉSAR CAR
VALHO e ANDRÉ CARAMANTE)
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