São Paulo, sexta, 4 de julho de 1997.



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ACIDENTE
Designer Hans Donner, modelo Valéria Valenssa e outras três pessoas escaparam sem ferimentos graves
Avião com 'Globeleza' cai na baía de Guanabara

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

A "mulata globeleza" Valéria Valenssa e seu marido, o designer gráfico Hans Donner, escaparam da morte ontem de manhã, quando o avião em que estavam caiu na baía de Guanabara.
Como inicialmente o avião flutuou, a dançarina, Donner e os outros três ocupantes conseguiram saltar na água, de onde foram retirados por uma lancha do Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros.
O piloto Sérgio Bragança sofreu um corte na testa, mas não chegou a ser hospitalizado. Os demais ocupantes não tiveram ferimentos.
O acidente ocorreu às 9h50. Valenssa, Donner e a amiga Patrícia Levinson iam para São José dos Campos (SP) no bimotor modelo Citation 1, prefixo PT-ILJ.
O avião pertence à empresa de táxi aéreo Riana, que costuma prestar serviços à TV Globo, onde Donner trabalha. Também estava no vôo o co-piloto William Peterson.
Defeito
O jatinho acelerava no sentido norte da pista do aeroporto Santos Dumont (centro do Rio), quando o piloto percebeu que havia um defeito no manche (instrumento de direção) e tentou abortar a decolagem.
Mesmo freado, o jatinho não parou, caindo na água a aproximadamente 50 metros da cabeceira da pista.
O avião não afundou de imediato. Ainda flutuou por cerca de 15 minutos antes de ir para o fundo da baía.
O local tem cerca de 3 metros de profundidade. Parte da cauda do aparelho ficou visível por duas horas, até a subida da maré.
Assim que o avião bateu na água, o co-piloto abriu a porta e mandou os passageiros pularem.
Na água, os cinco aguardaram por quatro minutos a chegada dos bombeiros, cujo posto funciona ao lado do aeroporto.
Passageiros e tripulantes mantiveram-se na água conversando e boiando.
Estavam calmos, segundo relatos de funcionários do aeroporto que correram para a cabeceira da pista assim que o avião caiu na baía de Guanabara.
Quando pisou na terra, Valenssa teve uma crise de choro.
Em meio aos soluços, a modelo rezava em agradecimento a Deus por não ter morrido no acidente.
Donner andava de um lado para o outro, aparentando nervosismo e gesticulando.
Ele comentou que estava coberto de querosene que vazou do avião para a água.
Passageiros e tripulantes foram levados para o departamento médico da Fundação Rubem Berta, que funciona no prédio da Varig, vizinho ao aeroporto.
Duas horas depois, já com roupas limpas, eles deixaram a fundação.
DAC investiga
As causas do acidente vão ser investigadas por uma comissão a ser criada pelo DAC (Departamento de Aviação Civil) do Ministério da Aeronáutica.
A empresa Riana informou que só comentará o acidente depois que o DAC apresentar suas conclusões.
Fabricado em 1973 pela Cessna, o Citation 1 estava avaliado em R$ 750 mil pela companhia Angra Seguros.
A corretora Karen Sampaio disse que o aparelho, depois de retirado da água, será periciado pela seguradora.
Segundo a corretora, as vistorias e a manutenção do jatinho estavam em dia.
Ela disse que, se ficar constatada falha mecânica, a seguradora pagará o valor previsto na apólice.



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