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São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2003

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PROTESTO

Manifestação foi contra suposta repressão a beijo entre homossexuais

"Beijaço" lota área em shopping de SP

DA REPORTAGEM LOCAL
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ao som de músicas como "Kiss", de Prince, e "Beijinho Doce", sucesso sertanejo, o "beijaço" promovido por grupos GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros) lotou a praça de alimentação do shopping Frei Caneca, ontem, em São Paulo.
O centro de compras, alvo do protesto, decidiu na última hora fornecer infra-estrutura para o evento. Convidou o DJ Zé Pedro para tocar só músicas que falassem de beijo, espalhou adesivos com bocas vermelhas pelos corredores, preparou palco no centro da praça de alimentação.
Segundo estimativa da administração do local, havia 3.000 pessoas presentes. E o público habitual de domingo, de 25 mil pessoas, saltou para 35 mil.
O jornalista João Carlos Xavier Júnior, 25, e o publicitário Rodrigo Assis Rocha, 21, registraram boletim de ocorrência no último dia 6 em que diziam terem sido abordados por um segurança ao trocarem um beijo tipo "selinho" e um abraço. Segundo eles, o segurança teria dito que o procedimento não era aceito no estabelecimento, mas que não vetaria o beijo se o casal fosse heterossexual. Não houve testemunhas.
O shopping, que calcula que entre 10% a 15% de seus clientes sejam GLBT, diz que o casal foi tratado com respeito e só foi abordado pois teria cometido excessos -o que seria adotado também em relação a heterossexuais.
"É o reconhecimento de que estavam errados e estão se redimindo", disse Eduardo Piza, do Instituto Edson Neris. "Avalio de maneira positiva. O shopping não teve atitude de confronto", afirmou Lula Ramires, presidente do Corsa, grupo organizador do evento.
"Foi uma demonstração de que não queremos boicotar nada ou definir comportamentos", disse o superintendente do Frei Caneca, Wilson Pelizaro. Questionado se seriam admitidos beijos ardorosos como os de alguns manifestantes homossexuais, disse: "Hoje é um dia diferente. Não sei."

No Rio
Já o "beijaço" promovido no Rio reuniu cerca de 50 pessoas em frente à Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema (zona sul). Eles se insurgiram contra o Vaticano, que endossou documento condenando o reconhecimento legal da união de pessoas do mesmo sexo.
"A igreja saiu do seu papel teológico para um papel político", disse o organizador da manifestação, Cláudio Nascimento, 32, presidente do grupo Arco-Íris.
(FABIANE LEITE E HENRI CARRIÈRES)


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