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SAÚDE PRIVADA
Operadoras apresentarão, em suas defesas, avaliações oficiais favoráveis a aumentos acima de 11,75%
Empresas têm trunfo contra o governo
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Operadoras de planos e de seguros de saúde guardam "na manga" o que consideram um trunfo
para o embate judicial com o governo sobre os aumentos nos
contratos antigos. Trata-se de
avaliações do próprio governo favoráveis a aumentos acima do teto de 11,75% fixado por decisões
judiciais em todo o país.
"A própria Agência Nacional de
Saúde Suplementar, em relação
aos mesmo contratos, havia autorizado aumento da ordem de
48%. Nos bastidores, assina documentos, manda 48%, e agora fala
em 11,75%", afirmou Raphael Miranda, um dos advogados da Bradesco Saúde, sobre a avaliação feita para a empresa que defende.
Segundo a Folha apurou, dentro do governo também há quem
veja as avaliações como um trunfo das operadoras na batalha judicial que se anuncia. Por isso houve resistência à tomada de medidas judiciais contra os reajustes
de até 85% feitos pelas empresas
no mês passado. O acordo, para
esses setores do governo, seria a
melhor saída para a crise.
Depois de pelo menos oito decisões semelhantes das justiças estaduais, e de fracasso no processo
de negociação com as operadoras,
no último dia 28 de julho a Advocacia Geral da União e a ANS obtiveram uma liminar na Justiça Federal limitando a 11,75%, teto definido pelo governo para este ano,
os aumentos dos contratos antigos -anteriores a 1999- da Bradesco, Itauseg e SulAmérica.
A ANS e a AGU basearam-se no
Código de Defesa do Consumidor
para fazer o pedido, apontando
que os aumentos são abusivos por
apoiarem-se em cláusulas de difícil compreensão para o cliente.
As operadoras impuseram os
reajustes de até 85% com base em
liminar do STF (Supremo Tribunal Federal), de agosto do ano
passado, que suspendeu o controle de preços pelo governo, previsto na lei que rege o setor (9.656/
98), para os contratos anteriores a
ela. Os aumentos atingiram mais
de 300 mil pessoas no país.
Segundo a Bradesco Saúde, a
empresa e outras solicitaram em
2002 a chamada revisão técnica
dos contratos alvo dos aumentos.
A revisão é um dos três mecanismos de reajuste previstos na
atual lei dos planos. Pode ser solicitada quando houver desequilíbrio -gasta-se mais em assistência do que se arrecada.
A Bradesco Saúde obteve avaliações favoráveis, para aumentos
acima dos 11,75%, da diretoria de
normas da ANS e do Ministério
da Fazenda, que encaminhou manifestação à agência.
Segundo o advogado, os 48%
definidos para 2002 foram a base
para os aumentos de até 82% feitos pela empresa agora -foram
considerados os reajustes esperados no período.
Para a Bradesco Saúde, faltava a
avaliação final da diretoria colegiada da ANS, atropelada pela decisão do STF. A agência decidiu
não continuar a revisão. Ontem a
ANS não se manifestou sobre as
avaliações.
"Não estamos afirmando na
ação que o aumento deve ser de
11% ou 40%", afirmou a promotora de Justiça do Consumidor de
São Paulo Deborah Pierri, autora
de ação contra a Bradesco.
Segundo ela, os 11,75%, teto deste ano, foram uma referência para
a liminar -decisão provisória até
o julgamento final da questão.
"Qual é o reajuste? É o Judiciário
que vai dizer. Mas não há reequilíbrio se [em razão de aumentos altos] há expurgo do contratante."
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