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REDE OBSTRUÍDA
Lixo jogado em vaso sanitário levou companhia a gastar R$ 5,6 milhões no primeiro semestre na capital paulista
Sabesp acha até tapete ao desentupir cano
FERNANDA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Bolas de tênis, roupas íntimas,
dentaduras e até tapetes são objetos encontrados pela Sabesp
(Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) na
rede de esgoto da cidade de São
Paulo. Os números mostram que,
apesar de ter outra função, o vaso
sanitário acaba sendo também
utilizado como lata de lixo.
De janeiro a junho deste ano, a
Sabesp gastou cerca R$ 5,6 milhões para desentupir encanamentos devido ao mau hábito de
jogar objetos nos vasos sanitários.
Segundo Carlos Eduardo Carrela, gerente do Departamento de
Manutenção de Serviços da Unidade Sul da Sabesp, o problema
da má utilização dos "ramais"
-que coletam os dejetos e resíduos das casas e lançam na rede
de esgoto- é encontrado em
qualquer classe social.
Carrela afirma que não se deve
jogar nada no vaso sanitário, nem
mesmo o papel higiênico, aparentemente inofensivo, pois ele pode
se juntar a outros objetos e facilitar o entupimento.
Desentupimento
São realizados dois tipos de desobstrução da rede de esgoto: a
dos coletores e a domiciliar. O desentupimento dos coletores -cano que passa na rua- é responsabilidade da Sabesp e chega a
custar R$ 130 por serviço. O domiciliar -que liga a rede à casa
do consumidor- custa à companhia R$ 40 e ao usuário, R$ 42.
O Edifício Palma de Ouro, nos
Jardins (zona oeste da capital), é
um dos quase 19 mil casos de desobstrução domiciliar que a Sabesp fez no primeiro semestre.
Rubens Martins, 52, zelador
desse condomínio, disse que, só
neste ano, a rede foi desentupida
duas vezes. Ele afirma que toda
vez que isso precisa ser feito encontra muito cabelo, gordura e
até absorventes higiênicos.
Os fios de cabelo lideram a lista
dos responsáveis pela obstrução
da rede de esgoto. Além deles, outro vilão é a gordura. As pessoas
jogam os restos de gordura utilizada na cozinha nos ralos das
pias, que ao entrar em contato
com a água, torna-se uma pasta.
Essa pasta gruda em outros materiais e entope os ramais.
A Sabesp afirma que, se as pessoas não utilizassem o vaso sanitário como lata de lixo, o número
de ocorrências seria muito menor. O simples fato de retirar os
fios de cabelo do ralo do chuveiro
quando se toma banho já reduziria o problema de entupimento.
O serviço de desobstrução funciona das 8h às 17h, mas, dependendo da demanda, pode se estender para além desse período.
Os dados apontam que os maus
hábitos pouco mudaram desde o
ano passado. Os números do primeiro semestre deste ano quase
não se alteraram em relação ao
mesmo período de 2003.
No ano passado, foram realizadas 45.418 desobstruções dos coletores e 18.195 domiciliares. No
mesmo período deste ano foram
feitas 49.023 desobstruções de coletores e 18.815 domiciliares.
Só no mês de junho, os desentupimentos nos domicílios chegaram a 3.570, sendo a região central a mais afetada (1.461). As desobstruções dos coletores foram
8.233 e zona leste foi onde o serviço foi mais executado (2.413).
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