São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2005

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PASSA-RÁPIDO

Secretaria vai avaliar

Táxis em corredores devem atrasar ônibus

DO "AGORA"

A liberação de táxis com passageiros em passa-rápidos durante 24 horas por dia, anunciada durante o final de semana pelo prefeito José Serra (PSDB), irá fazer com que a velocidade média dos coletivos diminua, afirmam especialistas em trânsito consultados pela reportagem.
Procurado, o secretário municipal de Transportes, Frederico Bussinger, admitiu que a possibilidade de cair a velocidade dos ônibus -a fluidez dos coletivos foi um dos motivos da criação do passa-rápido- realmente existe.
"Pode ter interferência. Para tirar essa dúvida, faremos a medição [da velocidade]. Vamos avaliar não só o corredor, mas também vias próximas", diz.
Hoje, dos nove corredores existentes, táxis estão liberados em cinco. Outros quatro têm restrições nos horários de pico, das 6h às 9h e das 17h às 20h. A partir do dia 15, haverá liberação durante 90 dias em todos eles. Só poderão circular táxis com passageiros e eles não poderão parar no canteiro central para embarcar clientes. São Paulo possui 33,7 mil táxis.

Retrocesso
Antes da criação dos corredores exclusivos, a velocidade comercial média ônibus era de 13 km/h. Com o passa-rápido, a velocidade média subiu para 22 km/h.
"É um retrocesso. Vai abrir brechas para outros setores do transporte também pedirem a liberação", disse Sérgio Costa, 45 anos, do Instituto de Engenharia.
Para o consultor independente Humberto Pullin, 51 anos, a velocidade comercial dos veículos tende a cair. "O reflexo direto é que os usuários irão conviver novamente com atrasos na chegada dos veículos", afirma.
Gustavo Hanashiro, secretário dos Transportes nas gestões de Mário Covas e Celso Pitta, diz que a pressão para liberação das faixas exclusivas a táxis é antiga.
"Sempre recebi esse tipo de pressão e sempre fui contra. Táxi não é transporte coletivo", diz.

Lei de 1998
A liberação de rodar em faixas exclusivas foi conquistada pelos taxistas em 1998 por meio de uma polêmica lei de autoria do então vereador Natalício Bezerra (do PTB e hoje presidente do sindicato dos taxistas da capital), que chegou a ser vetada pelo então prefeito Pitta.
O veto foi derrubado pela Câmara, e a prefeitura recorreu à Justiça para derrubar a medida. A decisão só saiu em 2002.
No final do ano passado, durante o período eleitoral, a gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT) permitiu aos taxistas trafegar em parte dos corredores.
"Sabemos que não vai atrapalhar a velocidade dos ônibus. Mas é só uma experiência e a medida pode ser readequada", diz Bezerra. (CLAYTON FREITAS)


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