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"Fiz mais de 20 ataques", diz esfaqueador
Paranaense preso em Higienópolis feria as vítimas com um canivete de 15 cm para roubar celular e dinheiro; uma moça morreu
A polícia reuniu, até agora, dez casos; em pelo menos sete ataques, o assaltante agiu perto do Mackenzie e do shopping Higienópolis
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
"Jamais esfaqueei pessoas
sem roubá-las." É dessa forma
que o paranaense Afonso Benedito Severiano Jr., 18, descreve
os ataques a faca que praticou
nos últimos meses em São Paulo e que deixaram pelo menos
uma pessoa morta.
Foram 20 os pedestres esfaqueados, segundo ele confessou à polícia; dez, pelos registros policiais reunidos até agora. Na maioria dos casos, o objetivo era levar o celular, que ele
depois vendia por R$ 150.
Dos dez casos identificados
pela polícia, sete ocorreram em
Higienópolis, bairro nobre da
região central de São Paulo
-principalmente nos arredores do shopping Higienópolis e
da universidade Mackenzie.
Era nessa região que morava
Amanda da Silva, 24, que morreu após ser esfaqueada na última sexta-feira, diante de testemunhas -duas reconheceram
Severiano como o agressor.
Em oito dos casos, ele esfaqueou as vítimas com um canivete de 15 cm. "O modus operandi chama a atenção porque
primeiro ele esfaqueava a pessoa e depois subtraia os pertences. Ele não tinha o hábito de
anunciar o assalto", disse a delegada Alexandra da Silveira,
do 4º DP (Consolação).
À polícia, Severiano disse que
buscava lugares onde pudesse
encontrar pessoas com dinheiro e celulares caros.
Ele foi preso anteontem à
noite, próximo ao Mackenzie,
após denúncia feita por uma
testemunha que o havia visto
atacar uma vítima dias antes.
Oito pessoas, seis delas vítimas, não tiveram dúvidas ao
apontá-lo como o autor dos ataques. Uma sétima vítima disse
ter 70% de certeza. Contra Severiano pesa ainda o fato de a
polícia ter encontrado em seu
quarto de hotel a bolsa e os documentos de uma das vítimas.
Ele foi indiciado por latrocínio (roubo seguido de morte) e
roubo com lesão corporal. A
Justiça autorizou sua prisão
temporária até segunda no 77º
DP (Santa Cecília).
Em conversa ontem com a
Folha, Severiano disse que esfaqueou vítimas que reagiram.
Ele não tem advogado.
Em três casos, testemunhas
relataram que Severiano agiu
com um comparsa. A polícia já
tem um retrato falado.
O 77º DP iniciou as investigações em junho, enquanto o 4º
DP passou a procurar o suspeito em julho.
No quarto de hotel que Severiano dividia com um amigo, a
polícia apreendeu calças camufladas e toucas ninja. No entanto, nos ataques, ele usava só um
boné, que encobria a tatuagem
de palhaço na cabeça raspada.
Severiano não tinha passagens pela polícia paulista. Ele
relatou em depoimento que
passou por um centro de ressocialização para menores infratores em Londrina, onde nasceu. Teria brigado com a família e vindo para São Paulo há
seis meses. "Minha mãe morreu e meu pai é soropositivo",
relatou ele.
Com a colaboração de MÁRCIO PINHO
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