São Paulo, sexta-feira, 04 de agosto de 2006

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"Fiz mais de 20 ataques", diz esfaqueador

Paranaense preso em Higienópolis feria as vítimas com um canivete de 15 cm para roubar celular e dinheiro; uma moça morreu

A polícia reuniu, até agora, dez casos; em pelo menos sete ataques, o assaltante agiu perto do Mackenzie e do shopping Higienópolis


KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

"Jamais esfaqueei pessoas sem roubá-las." É dessa forma que o paranaense Afonso Benedito Severiano Jr., 18, descreve os ataques a faca que praticou nos últimos meses em São Paulo e que deixaram pelo menos uma pessoa morta.
Foram 20 os pedestres esfaqueados, segundo ele confessou à polícia; dez, pelos registros policiais reunidos até agora. Na maioria dos casos, o objetivo era levar o celular, que ele depois vendia por R$ 150. Dos dez casos identificados pela polícia, sete ocorreram em Higienópolis, bairro nobre da região central de São Paulo -principalmente nos arredores do shopping Higienópolis e da universidade Mackenzie.
Era nessa região que morava Amanda da Silva, 24, que morreu após ser esfaqueada na última sexta-feira, diante de testemunhas -duas reconheceram Severiano como o agressor. Em oito dos casos, ele esfaqueou as vítimas com um canivete de 15 cm. "O modus operandi chama a atenção porque primeiro ele esfaqueava a pessoa e depois subtraia os pertences. Ele não tinha o hábito de anunciar o assalto", disse a delegada Alexandra da Silveira, do 4º DP (Consolação).
À polícia, Severiano disse que buscava lugares onde pudesse encontrar pessoas com dinheiro e celulares caros. Ele foi preso anteontem à noite, próximo ao Mackenzie, após denúncia feita por uma testemunha que o havia visto atacar uma vítima dias antes.
Oito pessoas, seis delas vítimas, não tiveram dúvidas ao apontá-lo como o autor dos ataques. Uma sétima vítima disse ter 70% de certeza. Contra Severiano pesa ainda o fato de a polícia ter encontrado em seu quarto de hotel a bolsa e os documentos de uma das vítimas. Ele foi indiciado por latrocínio (roubo seguido de morte) e roubo com lesão corporal. A Justiça autorizou sua prisão temporária até segunda no 77º DP (Santa Cecília).
Em conversa ontem com a Folha, Severiano disse que esfaqueou vítimas que reagiram. Ele não tem advogado. Em três casos, testemunhas relataram que Severiano agiu com um comparsa. A polícia já tem um retrato falado.
O 77º DP iniciou as investigações em junho, enquanto o 4º DP passou a procurar o suspeito em julho. No quarto de hotel que Severiano dividia com um amigo, a polícia apreendeu calças camufladas e toucas ninja. No entanto, nos ataques, ele usava só um boné, que encobria a tatuagem de palhaço na cabeça raspada. Severiano não tinha passagens pela polícia paulista. Ele relatou em depoimento que passou por um centro de ressocialização para menores infratores em Londrina, onde nasceu. Teria brigado com a família e vindo para São Paulo há seis meses. "Minha mãe morreu e meu pai é soropositivo", relatou ele.


Com a colaboração de MÁRCIO PINHO

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