São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2011

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Chuvas desalojam 11 mil no Vale do Ribeira

Municípios próximos ao rio Ribeira, tanto do lado paulista quanto do lado paranaense, sofrem com temporais

Entre segunda e terça, 70% das ruas da área urbana de Eldorado (SP) ficaram debaixo d'água, segundo a Defesa Civil


LUIZA BANDEIRA
ENVIADA ESPECIAL A ELDORADO

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA

Quando as ruas do centro de Eldorado começaram a alagar, na segunda, o funcionário público Alexandre Borges, 37, pegou suas coisas, levou para o telhado de casa e por lá ficou por quase 24 horas. Ele temia saques e queria vigiar o nível da água.
Já o farmacêutico João Miguel Almeida, 43, pegou seu barco e começou a circular pela cidade do interior paulista da região do Vale do Ribeira, a 243 km da capital.
Salvava moradores que não haviam conseguido sair de suas casas ou que, como Borges, não queriam deixar as coisas para trás.
Em dois dias, Almeida diz ter resgatado mais de cem pessoas ilhadas pela chuva.
Entre segunda e terça-feira, 70% das ruas da área urbana de Eldorado ficaram debaixo d'água, segundo a Defesa Civil municipal.
A cidade foi uma das nove de São Paulo atingidas pelas chuvas da última semana. Cerca de 8.200 pessoas continuam desabrigadas ou desalojadas em todo o Estado.
Em Eldorado, cerca de 6.000 pessoas tiveram que deixar suas casas.
O município decretou estado de calamidade pública.
Ontem, a água começou a baixar, mas os moradores não podiam voltar porque não havia água, a não ser a da chuva, para limpá-las.
Foi a maior enchente na cidade desde 1997. Naquele ano, porém, foi preciso um mês de chuva para alagar as ruas. Agora, foram três dias.
Sem confiar que haveria enchente, muitos moradores não quiseram sair de casa. Muitos acabaram perdendo todos os seus pertences.
Segundo a Defesa Civil, a explicação está nas chuvas que caíram na cabeceira do rio Ribeira, no Estado do Paraná, desde o fim de semana.
No PR, Doutor Ulysses e Cerro Azul, no Vale do Ribeira -próximas à divisa com SP-, contam 10 mil pessoas isoladas em áreas rurais.
"Lá do outro lado [do rio], já está faltando água, alimentação, tudo isso. São 7.000 pessoas para quatro ou cinco vendinhas pequenas", afirmou o coordenador da Defesa Civil de Cerro Azul, José Nunes do Nascimento.
O abastecimento de água e comida está sendo feito com um helicóptero da Defesa Civil. A Sanepar, que fornece água a alguns dos isolados, está instalando um cabo de aço sobre o rio Ribeira por onde deve passar uma rede de abastecimento. Também se estuda colocar uma balsa.


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