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PLANO DIRETOR
Entidade do setor imobiliário condena alterações "na calada da noite"; Marta diz que ainda não decidiu
Secovi pede veto a mudanças no zoneamento
SÉRGIO DURAN
PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Secovi (sindicato das imobiliárias e construtoras) defende
que a prefeita Marta Suplicy (PT)
vete as emendas ao Plano Diretor
que mexem pontualmente no zoneamento da cidade.
"É preciso bom senso. Não dá
para aprovar o que foi feito na calada da noite para beneficiar dois
ou três", disse ontem o presidente
da entidade, Romeu Chap Chap.
As emendas foram incorporadas ao artigo 165 do substitutivo
ao plano, horas antes de o documento ir à votação e ser aprovado
na Câmara Municipal, dia 23.
O novo texto propõe a mudança
de 11 regiões de São Paulo, sete
das quais de zonas residenciais
para mistas, em bairros valorizados pelo setor imobiliário.
Com o novo zoneamento, as
construtoras poderão erguer prédios onde antes eram permitidas
apenas casas. Chap Chap, cujo
sindicato defende os interesses
das construtoras, não vê como
contraditório o fato de pedir o veto às mudanças.
"De fato, nessa discussão toda
do Plano Diretor ficamos na berlinda", disse Chap Chap. "Defendíamos que a outorga onerosa
[cobrança para construir acima
do permitido" como estava iria
encarecer demais o preço final
dos imóveis, o que era certo."
No entanto, segundo o presidente do Secovi, "a entidade jamais negociou coisas sérias para a
cidade com segundas intenções".
"As construtoras não compram
terreno para especular, compram
para produzir. Ninguém pode investir dinheiro, adquirir terra, pagar imposto, e ficar esperando
mudança no zoneamento", disse.
Chap Chap afirmou ainda que
enviou uma carta à prefeita sugerindo que ela vete as emendas e
que também antecipe a discussão
da nova Lei de Zoneamento. O
Plano Diretor prevê que a nova legislação seja criada até abril.
"Pressão de setores há e sempre
vai haver na Câmara, mas são 30
anos em que ninguém teve a coragem de rever essa legislação totalmente defasada", afirmou.
Emendas
A Promotoria da Habitação e
Urbanismo abriu procedimento
jurídico para investigar a autoria
das emendas que mudaram pontualmente o zoneamento da cidade. Cópias das transcrições das
audiências públicas foram pedidas à Câmara.
O relator do substitutivo, vereador Nabil Bonduki (PT), tem dito
que desconhece a autoria das
emendas, apresentadas pelo vereador José Mentor (PT), destacado pelo governo para comandar a
negociação na Câmara. Segundo
ele, Mentor teria dito que as
emendas eram fundamentais para aprovar o plano.
A inclusão das mudanças no
plano rachou a bancada petista.
Na semana passada, vereadores
de diversos partidos, incluindo
seis do PT, enviaram abaixo-assinado à prefeita pedindo o veto às
emendas.
Sem conclusão
Marta afirmou ontem que ainda
não chegou a uma conclusão sobre a aprovação total ou parcial
(sanção com vetos) do Plano Diretor. "Não [decidi". Eu estou estudando e pedi para o departamento jurídico fazer uma avaliação sobre o plano", disse, durante
a formatura da primeira turma
dos programas Bolsa Trabalho e
Começar de Novo, no ginásio do
Morumbi (zona sul).
Há uma semana, Marta havia
dito que a tendência era "respeitar
as propostas dos vereadores"
-ou seja, aprovar as 160 emendas não identificadas sem vetos.
Questionada sobre o racha na bancada petista, a prefeita disse
apenas: "Nada a comentar."
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