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Irmãs são as únicas crianças em prédio de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Bruna, 9, e Ana Paula, 6, são estranhas no ninho no edifício onde
vivem, na Vila Mariana (zona sul
de São Paulo). De todos os moradores dos 36 apartamentos do
prédio, elas são as únicas crianças.
Na estimativa da Seade, o bairro
está entre os que sofreram redução da população de 0 a 14 anos. O
local "perdeu" 4.909 crianças.
Além de faltarem colegas da
mesma idade, as meninas também não têm onde brincar, pois o
prédio não possui playground e a
área destinada às crianças fica espremida entre a piscina e a sala de
ginástica. As irmãs enfrentam
ainda a antipatia de alguns vizinhos, que não aceitam bem a presença delas no prédio.
"Se elas brincam lá embaixo às
5h da tarde do sábado, o povo do
prédio reclama do barulho", diz a
mãe, a universitária Patrícia Paz,
35. Limitado ao apartamento de
dois quartos, o lazer delas acaba
sendo a televisão e o computador.
Na região dos Jardins, algumas
praças abrigam mais cachorros
que crianças. Na tarde de quinta,
na praça Morungaba, por exemplo, o parquinho estava vazio, enquanto a pista de caminhada era
ocupada por três adultos e seus
acompanhantes: cinco cachorros.
"Eu brincava muito aqui quando era pequena, tinha um monte
de crianças. Hoje, as pessoas vêm
mais para caminhar", disse a estudante Manoela Quintas, 18.
Em bairros de classe média e alta, a queda na natalidade tem afetado até as escolas particulares.
Dados do Sieeesp (Sindicato dos
Estabelecimentos de Ensino no
Estado de São Paulo) apontam
que, de 1996 até 2004, a quantidade de escolas cresceu 148%, enquanto o número de alunos aumentou apenas 16%.
Com isso, instituições têm fechado e algumas procuram se
unir a outras para continuar funcionando. O Colégio Cidade de
São Paulo, nos Jardins, é fruto da
junção de três escolas das redondezas: Mater Dei, Logos e Bem Me
Quer. Segundo Sylvio Gomide,
que hoje é membro do conselho
diretor do colégio e antes era do
Mater Dei, a queda no número de
alunos começou a ser sentida em
1992. "O Mater Dei chegou a ter
1.700 alunos e na época da fusão
tinha metade disso", afirmou.
O mesmo aconteceu em Moema (zona sul) com as escolas Novo Esquema e Novo Ângulo que
se uniram há cinco anos. "Ficou
difícil manter a estrutura", disse
Rita de Cássia Rizzo, diretora pedagógica da agora Novo Ângulo
Novo Esquema.
(LB)
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