São Paulo, segunda-feira, 04 de setembro de 2006

Texto Anterior | Índice

Hotel na floresta da Tijuca será reaberto

Paineiras abrigou Getúlio Vargas, d. Pedro 2º e Santos Dumont e foi concentração da seleção campeã mundial em 70

O governo federal deverá lançar no início do ano que vem a licitação para a reforma total do prédio, que está abandonado


Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
O antigo Hotel das Paineiras, na zona sul do Rio, que foi construído pela Light em 1884 e está fechado há 22 anos; apesar de tombado, o edifício está deteriorado


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Local que serviu de concentração para a seleção brasileira nas eliminatórias da Copa de 1970 e de hospedagem para vários presidentes da República, entre eles Getúlio Vargas, o antigo Hotel das Paineiras (zona sul do Rio), fechado há 22 anos, deverá ganhar nova vida.
Fundado em 1884 e construído pela Light, o Paineiras dividiu durante anos a condição de principal hotel carioca com o Copacabana Palace, na avenida Atlântica, à beira-mar.
O governo federal deverá lançar no início do próximo ano uma licitação para a reforma do prédio, que está abandonado.
A empresa Trem do Corcovado, que administra os trens que levam turistas para o monumento do Cristo Redentor (principal cartão-postal do Rio), planeja ser concorrente e já tem um projeto de revitalização do hotel orçado entre R$ 14 milhões e R$ 16 milhões.
A previsão da companhia é colocar o Paineiras em funcionamento em até três anos depois do processo licitatório.
A preferência pelos 98 quartos do Paineiras se devia ao fato de o hotel ficar entranhando no Parque Nacional da Tijuca e de oferecer uma das mais belas vistas das praias da zona sul carioca. Além do presidente Getúlio Vargas, hospedaram-se no Paineiras d. Pedro 2º e Alberto Santos Dumont.
Do glamour vivido no século passado, nada restou. Hoje, o prédio -tombado nas esferas federal, estadual e municipal- tem janelas quebradas e paredes cinzentas com rachaduras, buracos e limo.
A antiga piscina foi tomada por entulho. As estruturas metálicas estão enferrujadas. Há fiações elétricas expostas por toda parte. Para evitar invasões, dois guardas se revezam na vigilância do local.
Apesar de ter sido construído pela Light, o hotel passou a ser propriedade da União em 1970 em razão de dívidas da concessionária.
Em 1984, foi privatizado e passou para a Universidade Veiga de Almeida. A instituição prometeu realizar obras de reforma, mas não o fez, e o hotel voltou para a União.
De acordo com o diretor da Trem do Corcovado, Sávio Neves, a idéia é começar as obras imediatamente após o fim da licitação.
Em um primeiro momento, será inaugurado um restaurante, que deverá ficar pronto em seis meses. Em seguida, um centro de convenções, cuja previsão é ficar concluído em um ano e meio. Por fim, a hospedagem, que só deverá começar em 36 meses.
Neves disse que o projeto de revitalização do hotel já está pronto desde 2004, mas que não conseguiu levá-lo adiante devido a entraves burocráticos e a uma briga judicial entre o governo federal e a Veiga de Almeida, que já foi concluída. Com a reabertura do hotel, a idéia é implementar uma espécie de "passe livre" para que os hóspedes não precisem pagar a passagem do trem que os leva até o hotel.
O bairro é frequentado por quase 10 mil pessoas nos finais de semana, que praticam esportes e freqüentam duas cachoeiras. A segurança é um ponto desfavorável. Em julho último, o turista paulista Aparecido Edivaldo Rodrigues, 42, foi assassinado no local após reagir a um assalto.


Texto Anterior: Mortes
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.