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Após assalto, escola decide "trancar" alunos
Para proteger os alunos, colégio estadual de SP os proibiu de usar as quadras; nos intervalos, têm de ficar num pátio fechado
Reportagem flagrou cinco rapazes pulando o muro do colégio, que está quebrado em alguns pontos; escola não tem vigia nem zelador
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após sofrer um assalto, a direção da escola estadual Manuel Bandeira, em Perus (zona
norte de São Paulo), decidiu
proibir os alunos de utilizar as
quadras no recreio e suspendeu
as aulas de educação física.
A medida foi tomada com a
intenção de proteger os estudantes de novos crimes. Agora,
nos 20 minutos de intervalo, os
estudantes ficam apertados
num pátio coberto e gradeado.
O roubo ocorreu na segunda-feira retrasada. Um homem invadiu a escola e apontou o revólver para a cabeça de uma das
alunas que estava na arquibancada. Levou o celular dela e o de
um colega. A escola não tem segurança nem zelador.
A Folha conversou ontem
com alguns alunos "enclausurados" no pátio, que reclamaram da situação. Inicialmente,
os funcionários da escola disseram que só estavam no pátio
em razão da chuva -para não
sujar os pés de lama. Depois,
entretanto, admitiram que o
motivo era a insegurança.
Além de não ter vigia, a escola tem um muro baixo -de cerca de 1,5 metro- que está quebrado em cinco pontos, o que
facilita a entrada de invasores.
Por volta das 15h30, a reportagem flagrou dois garotos pulando o muro da escola. Às 16h,
outros três rapazes fizeram a
mesma coisa, em pontos diferentes do prédio.
Dois dos adolescentes fumavam maconha na área de uma
das quadras. Um deles pulou
uma janela -não foi possível
descobrir se para entrar num
corredor ou numa sala.
Segundo uma funcionária do
colégio, a ronda escolar só aparece quando é chamada.
Os alunos estão se mobilizando para mudar a situação.
"Na sexta-feira, participei de
dois abaixo-assinados para pedir mais segurança para a escola e mais ronda", disse a aluna
do 3º ano do ensino médio Josiane Pereira, 23. Ela conta que
seu professor de biologia já foi
assaltado na frente da escola e,
em outra ocasião, vítima de
uma tentativa de roubo.
"Quando saímos para o pátio
interno no intervalo, as portas
das salas de aula precisam ser
trancadas porque senão roubam material e pertences dos
alunos", diz ela.
Os pais dos estudantes também estão preocupados. "A escola está abandonada. Os professores dizem que não podem
fazer nada e também estão com
medo", afirma a empregada doméstica Ana Henrique Souza,
39. Sua filha de 14 anos estuda
no Manuel Bandeira. "Estou
pensando em tirá-la."
Lourival Fernandes Lacerda
dos Santos conta que é comum
ver garotos usando drogas no
local. "Eles sobem no pé de
goiaba e fazem a festa. Até colocaram uma tábua na árvore para ficar mais confortável", afirmou. Ele tem um filho que estuda no local. "Já deixei meu
telefone na diretoria porque, se
acontecer qualquer coisa, quero que me liguem."
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