São Paulo, terça-feira, 04 de setembro de 2007

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Após assalto, escola decide "trancar" alunos

Para proteger os alunos, colégio estadual de SP os proibiu de usar as quadras; nos intervalos, têm de ficar num pátio fechado

Reportagem flagrou cinco rapazes pulando o muro do colégio, que está quebrado em alguns pontos; escola não tem vigia nem zelador

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após sofrer um assalto, a direção da escola estadual Manuel Bandeira, em Perus (zona norte de São Paulo), decidiu proibir os alunos de utilizar as quadras no recreio e suspendeu as aulas de educação física.
A medida foi tomada com a intenção de proteger os estudantes de novos crimes. Agora, nos 20 minutos de intervalo, os estudantes ficam apertados num pátio coberto e gradeado.
O roubo ocorreu na segunda-feira retrasada. Um homem invadiu a escola e apontou o revólver para a cabeça de uma das alunas que estava na arquibancada. Levou o celular dela e o de um colega. A escola não tem segurança nem zelador.
A Folha conversou ontem com alguns alunos "enclausurados" no pátio, que reclamaram da situação. Inicialmente, os funcionários da escola disseram que só estavam no pátio em razão da chuva -para não sujar os pés de lama. Depois, entretanto, admitiram que o motivo era a insegurança.
Além de não ter vigia, a escola tem um muro baixo -de cerca de 1,5 metro- que está quebrado em cinco pontos, o que facilita a entrada de invasores.
Por volta das 15h30, a reportagem flagrou dois garotos pulando o muro da escola. Às 16h, outros três rapazes fizeram a mesma coisa, em pontos diferentes do prédio.
Dois dos adolescentes fumavam maconha na área de uma das quadras. Um deles pulou uma janela -não foi possível descobrir se para entrar num corredor ou numa sala.
Segundo uma funcionária do colégio, a ronda escolar só aparece quando é chamada.
Os alunos estão se mobilizando para mudar a situação. "Na sexta-feira, participei de dois abaixo-assinados para pedir mais segurança para a escola e mais ronda", disse a aluna do 3º ano do ensino médio Josiane Pereira, 23. Ela conta que seu professor de biologia já foi assaltado na frente da escola e, em outra ocasião, vítima de uma tentativa de roubo.
"Quando saímos para o pátio interno no intervalo, as portas das salas de aula precisam ser trancadas porque senão roubam material e pertences dos alunos", diz ela.
Os pais dos estudantes também estão preocupados. "A escola está abandonada. Os professores dizem que não podem fazer nada e também estão com medo", afirma a empregada doméstica Ana Henrique Souza, 39. Sua filha de 14 anos estuda no Manuel Bandeira. "Estou pensando em tirá-la."
Lourival Fernandes Lacerda dos Santos conta que é comum ver garotos usando drogas no local. "Eles sobem no pé de goiaba e fazem a festa. Até colocaram uma tábua na árvore para ficar mais confortável", afirmou. Ele tem um filho que estuda no local. "Já deixei meu telefone na diretoria porque, se acontecer qualquer coisa, quero que me liguem."

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