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Bimotor derrapa e é contido por muro em Congonhas
Aeroporto ficou uma hora fechado e 12 vôos foram transferidos para Cumbica
As três pessoas que estavam a bordo do avião não sofreram ferimentos graves; trecho da av. Washington Luís foi interditado pela CET
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um avião bimotor modelo
King Air derrapou ontem à tarde no aeroporto de Congonhas,
em São Paulo, quando tentava
abortar uma decolagem. A aeronave só não caiu na avenida
Washington Luís, quase no
mesmo ponto da queda do Airbus da TAM, porque foi contida
por um muro de concreto.
As três pessoas que estavam a
bordo deixaram o avião caminhando, sozinhas, e não sofreram ferimentos graves.
O bico do avião ficou a cerca
de quatro metros da pista lateral da avenida, sentido bairro,
que foi interditada pela CET.
O trecho, que dá acesso à avenida dos Bandeirantes, ficaria
fechado até a retirada da aeronave. A operação estava prevista para terminar no início desta
madrugada.
A interdição do trecho provocou lentidão de 2,4 km no
corredor norte-sul, sentido
centro, e filas de até 8,7 km no
lado oposto. Reflexos foram
sentidos em avenidas próximas, como na dos Bandeirantes
(4 km de filas no sentido marginal Pinheiros) e Ibirapuera (2,9
km, em direção ao aeroporto).
Por causa do acidente, o aeroporto foi fechado às 14h36 e
reaberto uma hora depois -no
período, 12 vôos foram transferidos para Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), e três
para Viracopos, em Campinas
(93 km de São Paulo). Além disso, 13 dos 45 vôos programados
entre 14h e 17h tiveram atraso.
Outros 19 foram cancelados.
Congonhas deve operar normalmente hoje.
O bimotor seguia para São
José dos Campos (91 km de São
Paulo). O piloto, o co-piloto e o
passageiro foram encaminhados ao hospital. Apenas o passageiro, cujo nome não foi divulgado, ainda não havia sido liberado até ontem.
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos) não se pronunciou ontem sobre o acidente.
O local onde o avião bimotor
deixou a pista fica a cerca de 10
metros do ponto onde derrapou o Airbus da TAM, em julho
de 2007, no acidente que deixou 199 mortos.
Pessoas que testemunharam
o acidente de ontem dizem que
não houve explosão, somente o
barulho da batida no avião no
muro. "Ouvi o barulho, olhei e
vi o avião descendo de bico", relatou o operador Gedielso Caldas, que estava bem em frente
ao local em que o avião parou.
O manobrista Jairo Ferreira
dos Santos, 24, disse que os passageiros deixaram o avião muito rapidamente. "Um ajudou o
outro a sair. Ainda bem que era
avião pequeno ou teria chegado
aqui na garagem", disse.
Para Cláudio Jorge Pinto Alves, professor do departamento de transporte aéreo do ITA, a
princípio não se pode atribuir o
acidente a falhas no aeroporto,
já que Congonhas tem "boa" estrutura para aviões de pequeno
porte, como o King, que tem capacidade para sete pessoas.
Não chovia e o céu estava claro.
Carlos Camacho, diretor de
segurança de vôo do Sindicato
Nacional dos Aeronautas, afirma que agora o que se pode fazer é só especular sobre as causas do acidente. "Um problema
no motor, no freio ou no sistema antiderrapagem são possíveis." Ele critica a estrutura do
aeroporto no sentido de não
permitir falhas simples, principalmente quanto a aviões de
grande porte, em razão da falta
de uma área de escape.
Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o avião
é da Ultrafarma, mas o laboratório diz que vendeu o bimotor
à Líder em 28 de agosto. A Líder, por sua vez, nega a compra.
(MÁRCIO PINHO, JOSÉ ERNESTO CREDENDIO E RICARDO SANGIOVANNI)
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