São Paulo, quinta-feira, 04 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bimotor derrapa e é contido por muro em Congonhas

Aeroporto ficou uma hora fechado e 12 vôos foram transferidos para Cumbica

As três pessoas que estavam a bordo do avião não sofreram ferimentos graves; trecho da av. Washington Luís foi interditado pela CET


DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um avião bimotor modelo King Air derrapou ontem à tarde no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, quando tentava abortar uma decolagem. A aeronave só não caiu na avenida Washington Luís, quase no mesmo ponto da queda do Airbus da TAM, porque foi contida por um muro de concreto.
As três pessoas que estavam a bordo deixaram o avião caminhando, sozinhas, e não sofreram ferimentos graves.
O bico do avião ficou a cerca de quatro metros da pista lateral da avenida, sentido bairro, que foi interditada pela CET.
O trecho, que dá acesso à avenida dos Bandeirantes, ficaria fechado até a retirada da aeronave. A operação estava prevista para terminar no início desta madrugada.
A interdição do trecho provocou lentidão de 2,4 km no corredor norte-sul, sentido centro, e filas de até 8,7 km no lado oposto. Reflexos foram sentidos em avenidas próximas, como na dos Bandeirantes (4 km de filas no sentido marginal Pinheiros) e Ibirapuera (2,9 km, em direção ao aeroporto).
Por causa do acidente, o aeroporto foi fechado às 14h36 e reaberto uma hora depois -no período, 12 vôos foram transferidos para Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), e três para Viracopos, em Campinas (93 km de São Paulo). Além disso, 13 dos 45 vôos programados entre 14h e 17h tiveram atraso. Outros 19 foram cancelados. Congonhas deve operar normalmente hoje.
O bimotor seguia para São José dos Campos (91 km de São Paulo). O piloto, o co-piloto e o passageiro foram encaminhados ao hospital. Apenas o passageiro, cujo nome não foi divulgado, ainda não havia sido liberado até ontem.
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) não se pronunciou ontem sobre o acidente.
O local onde o avião bimotor deixou a pista fica a cerca de 10 metros do ponto onde derrapou o Airbus da TAM, em julho de 2007, no acidente que deixou 199 mortos.
Pessoas que testemunharam o acidente de ontem dizem que não houve explosão, somente o barulho da batida no avião no muro. "Ouvi o barulho, olhei e vi o avião descendo de bico", relatou o operador Gedielso Caldas, que estava bem em frente ao local em que o avião parou.
O manobrista Jairo Ferreira dos Santos, 24, disse que os passageiros deixaram o avião muito rapidamente. "Um ajudou o outro a sair. Ainda bem que era avião pequeno ou teria chegado aqui na garagem", disse.
Para Cláudio Jorge Pinto Alves, professor do departamento de transporte aéreo do ITA, a princípio não se pode atribuir o acidente a falhas no aeroporto, já que Congonhas tem "boa" estrutura para aviões de pequeno porte, como o King, que tem capacidade para sete pessoas. Não chovia e o céu estava claro.
Carlos Camacho, diretor de segurança de vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, afirma que agora o que se pode fazer é só especular sobre as causas do acidente. "Um problema no motor, no freio ou no sistema antiderrapagem são possíveis." Ele critica a estrutura do aeroporto no sentido de não permitir falhas simples, principalmente quanto a aviões de grande porte, em razão da falta de uma área de escape.
Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o avião é da Ultrafarma, mas o laboratório diz que vendeu o bimotor à Líder em 28 de agosto. A Líder, por sua vez, nega a compra. (MÁRCIO PINHO, JOSÉ ERNESTO CREDENDIO E RICARDO SANGIOVANNI)


Texto Anterior: Educação: São Paulo cria 7 Fatecs, 6 das quais fora da capital
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.