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1 em cada 4 engenheiros se formou em curso ruim
Dos 24,9 mil formandos, 6,3 mil estudaram em cursos com notas 1 e 2, as mais baixas
Dados fazem parte de
um indicador do MEC que considera notas de alunos, proporção de professores doutores e infraestrutura
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um em cada quatro engenheiros do país se formou em
cursos inadequados, apontam
dados divulgados ontem pelo
Ministério da Educação.
Em números absolutos, 6,3
mil dos 24,9 mil formandos da
área que participaram no ano
passado da avaliação federal estavam em cursos com notas 1 e
2, as mais baixas na escala de
qualidade (que vai até 5).
O dado fica ainda mais grave
quando se considera que a engenharia é uma das áreas do
país mais carentes de mão-de-obra qualificada. Empresas
chegam a recrutar profissionais no exterior e entidades representativas da indústria já
declararam que a falta de engenheiros é um grande problema
para o crescimento do Brasil.
Os números sobre as escolas
de engenharia fazem parte de
um indicador do MEC chamado Conceito Preliminar de Cursos, que considera, entre outros
pontos, as notas dos alunos em
uma prova (Enade), a proporção de professores doutores e a
avaliação dos alunos quanto à
infraestrutura do curso.
Além de engenharia, foram
avaliados também cursos de
humanas e de tecnologia (curta
duração), além de outros do
campo das exatas. As áreas são
analisadas a cada três anos.
USP e Unicamp, por discordarem da metodologia, não
participam da avaliação.
O governo utiliza as informações para aumentar a fiscalização em cursos que tiveram baixos indicadores. Em direito,
por exemplo, algumas instituições tiveram de cortar vagas.
Melhorias
A área de engenharia foi uma
das que tiveram a maior proporção de cursos com notas 1
ou 2 na última avaliação
(2008). No setor de materiais,
39% dos cursos ficaram nessa
faixa. Na civil, 32%.
Conselheiro da Confederação Nacional dos Engenheiros,
Pedro Lopes afirma que os cursos da área são heterogêneos.
"Alguns são de ponta, outros
precisam de muitos ajustes."
Os dados do MEC reforçam
essa posição. Se por um lado 6,3
mil estudantes se formaram
em cursos reprovados, outros
6,5 mil estavam em cursos com
notas 4 e 5 (as mais altas).
"Alguns cursos têm deficiências em laboratórios ou precisam de ajustes no currículo.
Em outras faltam professores
com doutorado", afirma Lopes.
A secretária de Educação Superior do MEC, Maria Paula
Dallari Bucci, disse que as consequências em relação aos cursos com resultados insatisfatórios serão sentidas só após as
visitas às escolas, o que deve
ocorrer até o ano que vem.
O presidente do Inep (órgão
do MEC), Reynaldo Fernandes,
diz que a concentração de cursos com notas 1 e 2 pode ser um
problema de qualidade ou uma
heterogeneidade da área. Devido à metodologia, uma instituição de ponta pode puxar a média para cima, deixando as demais com notas baixas.
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