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Promotores vão rastrear cheques de viações de ônibus
Eles eram usados para comprar garantias bancárias falsas usadas em licitações
Carlos Alberto Tavares
Carmona, ex-presidente da
SPTrans e um dos acusados
pelos promotores, já teve
a prisão decretada
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado)
vão rastrear os cheques usados
pelas empresas de ônibus para
comprar garantias bancárias
usadas na licitação do transporte público em São Paulo. As
garantias eram falsas.
Um dos acusados pelos promotores, Carlos Alberto Tavares Carmona, teve sua prisão
decretada por conta das garantias falsas junto com outras sete pessoas. Ele presidiu a
SPTrans no governo de Marta
Suplicy (PT) e integrava a comissão de licitação. Foi diretor
de operações da empresa sob a
gestão do ex-prefeito José Serra (PSDB) e na administração
de Gilberto Kassab (PFL) acabou rebaixado para assessor da
diretoria. Continua sendo, porém, um dos homens de confiança do secretário dos Transportes, Frederico Bussinger.
A SPTrans é a empresa de
transportes da prefeitura. Ela
informou ontem que não pretende afastar o assessor que teve a prisão decretada.
A hipótese da promotoria é
que esse dinheiro pode ter beneficiado o ex-presidente da
SPTrans e dois donos de corretoras envolvidos na falsificação
das cartas de fiança, após passar por contas de laranjas. Uma
investigação revelou que dois
laranjas receberam depósitos
de empresas de ônibus em suas
contas e não conseguiram explicar a origem do dinheiro.
As cartas de fiança falsas foram usadas na licitação dos
transportes públicos promovida por Marta. O processo, iniciado em dezembro de 2002,
resultou em contratos que somam R$ 12,3 bilhões.
As 16 empresas de ônibus
que venceram a disputa apresentaram garantias de um mesmo banco, o Banco de La Nación Argentina, todas falsas. O
valor das fianças era de R$ 216
milhões. A promotora Sandra
Reimberg calcula que o grupo
envolvido na falsificação ganhou R$ 2,16 milhões.
Dois empresários são acusados pela comercialização das
cartas falsas: Leo Achemboim e
Rodolfo da Silva Magalhães,
donos das corretoras que venderam as fianças. O ex-presidente da SPTrans é acusado de
ter feito lobby para a Secretaria
de Finanças aceitar a carta do
Banco de La Nación Argentina.
Dois laranjas já foram identificados na investigação da Polícia Civil: Eduardo Assali Achoa
e Celso Antonio Filho. Achoa
recebeu um cheque de cerca de
R$ 8 mil da Viação Gato Preto e
não soube explicar à polícia a
razão do depósito.
Todas as empresas de ônibus
que compraram as cartas de
fiança dizem ter pago o negócio
com cheques nominais ao Banco de La Nación Argentina. Para a promotoria, o endosso dos
cheques foi falsificados e depositado em contas de laranjas.
O objetivo do rastreamento
pretendido pelos promotores é
descobrir quem se beneficiou
com depósitos em contas de laranjas. O secretário de Transportes à época, Jilmar Tatto,
autorizou a assinatura dos contratos sem a entrega das garantias, segundo a acusação feita
pelos promotores Sandra
Reimberg, Roberto Porto e Arthur Pinto de Lemos Jr., do
Gaeco. A denúncia foi aceita
pela Justiça e os acusados passaram a ser réus.
A Secretaria de Transportes
diz que os contratos foram assinados em 21 de julho de 2003 e
as cartas de garantias foram
apresentadas três dias depois.
Só em 2005, todas as cartas falsas do Banco de La Nación Argentina foram trocadas.
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