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Com crise na Bolsa, SP só vende metade de títulos em leilão
Prefeitura esperava receber, no mínimo, R$ 347,7 milhões com venda de Cepacs, mas só conseguiu R$ 203,1 milhões
O prefeito Kassab conta com os recursos da operação urbana para, por exemplo, iniciar a obra de extensão da av. Jorn. Roberto Marinho
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise econômica mundial
bateu nos cofres da Prefeitura
de São Paulo na semana que antecede as eleições. O termômetro foi a queda, pela metade, no
preço dos Cepacs (Certificados
de Potencial Adicional de
Construção) da operação Água
Espraiada no leilão realizado
anteontem pela Bovespa. A
comparação é com o lançamento feito no início do ano.
A prefeitura conseguiu vender 79.650 dos 650 mil títulos
levados ao pregão da Bolsa e
obteve somente o valor mínimo, de R$ 535.
O preço alcançado ontem representa 48% do valor do pregão anterior, em 22 de fevereiro deste ano, quando cada título foi negociado a R$ 1.100.
Ou seja, caso o mercado imobiliário demonstrasse o mesmo
apetite pelos títulos públicos, o
prefeito de São Paulo, Gilberto
Kassab (DEM), encheria os cofres com mais R$ 715 milhões.
Com o resultado, ficou com
R$ 203,1 milhões. O valor mínimo esperado era de R$ 347,7
milhões -ou seja, são R$ 144,6
milhões a menos de recursos
para a prefeitura.
Outro indicativo da baixa
procura é que, no leilão de fevereiro, a prefeitura conseguiu
vender todos os 186.740 Cepacs, com um ágio de 141,3%
sobre o preço de abertura, fixado em R$ 460. Com o sucesso
do pregão, a arrecadação final
atingiu R$ 207 milhões.
Kassab conta com os recursos da operação urbana para
iniciar a obra de extensão da
avenida Jornalista Roberto
Marinho até a av. Pedro Bueno,
mais um passo para a ligação
entre a marginal Pinheiros e a
rodovia dos Imigrantes.
Também está prevista na
emissão o uso da verba na construção de casas para retirar as
favelas Rocinha Paulistana,
Beira Rio, Alba, Babilônia e Taquaritiba, que ficam na região.
Outro lote de obras contempla a implantação de ruas no
Brooklin e no Jabaquara e investimento em transporte coletivo nos setores da Chucri
Zaidan e no Brooklin.
A Folha procurou ontem o
secretário municipal de Obras,
Marcelo Cardinale Branco, para saber se a arrecadação abaixo do previsto pode atrapalhar
o andamento desses projetos,
mas ele não se manifestou.
Quando elabora editais de
venda dos Cepacs, a Emdurb
(Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano) se baseia
nos prognósticos de mercado
feitos pelo Banco do Brasil. É
um indicativo tanto do volume
da demanda do mercado pelos
títulos quanto do preço a que
eles podem chegar.
Os Cepacs são títulos que a
prefeitura lança para dar aos
compradores o direito de construir em uma região mais do
que permite a lei de zoneamento. Esses títulos foram criados
para dar à prefeitura recursos
extras para investir nas regiões
das operações urbanas. Toda
receita fica em uma conta vinculada às obras previstas.
Momento delicado
O vice-presidente de Obras
do SindusCon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do
Estado de São Paulo), Luiz Antônio Messias, ficou surpreso
com a baixa procura pelos Cepacs no leilão.
"Nas últimas reuniões em
que discutimos o assunto, o
pessoal dizia que estava faltando Cepac no mercado, por causa do boom imobiliário", disse.
O economista Francisco Pessoa Faria, consultor da LCA, diz
que esta semana foi um momento inadequado para o lançamento de títulos, uma vez
que há um clima de insegurança entre os investidores. "Pode
não ser somente a crise mundial. É possível que esteja havendo uma acomodação no
mercado imobiliário", diz.
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