ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Todas as quartas-feiras, a carioca Zuleika Mary May Zaidan, que viveu 61 anos em SP sem perder o sotaque, jantava com os netos e com um dos filhos. Para cada um dos dois outros filhos, ela reservava o sábado e o domingo.
Dona de casa, cozinhava muito bem, conta Eduardo, o filho das quartas. Ultimamente, reclamava do cardápio que oferecia, desejando expandi-lo, pois uma neta não comia peixe, outro era diabético e uma outra se convertera ao vegetarianismo.
As compras ela costumava fazer aos sábados, quando o motorista, seu Arnaldo, passava para levá-la ao supermercado no Monza 88 que ela tinha. Como a qualidade e o preço dos produtos nunca a agradavam, ela acrescentou os donos de supermercados numa lista sua de pessoas indesejadas, junto dos políticos e do pessoal do governo.
Além da cozinha, gostava de se entregar à leitura. Falava três línguas e "não havia tragédia grega que não conhecesse". Segundo o filho, ela tinha uma cultura enciclopédica e aproveitou muito as viagens internacionais que fez.
Muito elegante e sempre arrumada, ia semanalmente ao cabeleireiro. Sua preocupação recente era escolher o vestido que usaria no casamento do neto, em dezembro, do qual seria madrinha.
Viúva desde 1990, morreu segunda, aos 88, de problemas cardíacos. Deixa três filhos (eram quatro, mas perdera uma filha) e sete netos. A missa de sétimo dia será amanhã, às 9h, na igreja São José, em São Paulo.

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