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Tamanho da prova faz Enem ficar mais difícil
A pedido da Folha, estudantes fizeram a prova que foi cancelada pelo MEC
Para alunos convidados, comparada com o exame de 2008, prova que vazou e que seria aplicada ontem e hoje exigiria mais conteúdo
PATRÍCIA GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL
Inspira, expira. Responder a
cada uma das 90 questões dos
dois dias de Enem não requer
apenas conhecimento. Requer,
antes de tudo, ritmo de prova.
Tanto é que já no fim do exame
é difícil diferir se o que atrapalha responder a questão é sua
dificuldade real ou o cansaço.
Essa foi a impressão de todos
os 16 estudantes convidados
pela Folha para fazer a prova
do Enem que seria aplicada ontem e hoje em todo o Brasil. Estiveram presentes alunos de
três pré-vestibulares: Cursinho
do XI, COC e CPV.
A proposta era a seguinte:
metade dos alunos faria as 90
questões do primeiro dia -de
ciências da natureza e humanas- e a outra metade faria as
90 questões do segundo dia-
de português e matemática. O
tempo dado para responder às
provas de múltipla escolha era
de quatro horas e meia. Os alunos não fizeram a redação.
"Foi muito cansativo" era o
comentário generalizado dos
alunos no debate promovido
no final do simulado.
E a prova foi muito longa
mesmo. Primeiro a terminá-la,
Vitor Pereira, 18, entregou as
respostas após quatro horas e
quinze minutos de exame.
"Até seria uma prova boa de
fazer se ela tivesse a metade do
tamanho. Como ela exige raciocínio, 90 questões é muito",
disse Vitor, estreante no Enem
-até o ano passado eram 63
questões, em um dia de prova.
Mais experiente, Luciana Righetti, 20, disse que seu desempenho no final da prova foi prejudicado pelo cansaço. "No fim
eu já não sabia se era dificuldade mesmo ou cansaço", diz a
vestibulanda de medicina que
presta o Enem pela quinta vez.
De fato, seus erros se concentraram nas questões finais.
Para responder as questões a
tempo, Guilherme Martins, 18,
adotou a tática de ler a pergunta primeiro, ver o que era pedido e já ler o texto procurando a
resposta. "Não daria tempo para ler tudo e, muitas vezes, o
texto não ajudava a responder", diz Guilherme.
"Por causa do tamanho, tem
uma hora que as questões fáceis ficam difíceis", diz Thomás
Amaral, 18, para quem as provas foram muito repetitivas.
"É muita questão para pouco
conteúdo. Matemática, por
exemplo, teve só porcentagem
e regra de três", diz Vitor.
A repetição de conteúdos foi
também apontada nas questões de física, "com energia demais", segundo os alunos, e na
utilização de um mesmo poema duas vezes na prova de linguagens e suas tecnologias.
Concorrendo a uma vaga em
medicina, Malek Imad, 22,
achou a prova de humanas "positiva demais". "Achei engraçado porque não teve visão crítica
do Brasil", disse.
Comparado com o Enem do
ano passado, dizem os alunos, o
exame que seria aplicado neste
ano exige mais conteúdo. Mas,
apesar das mudanças, a maior
característica do exame foi
mantida, a interdisciplinaridade. "Em uma questão de matemática, se não soubesse geografia, não resolvia", diz Luana
Lima, 20.
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