São Paulo, domingo, 04 de outubro de 2009

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Tamanho da prova faz Enem ficar mais difícil

A pedido da Folha, estudantes fizeram a prova que foi cancelada pelo MEC

Para alunos convidados, comparada com o exame de 2008, prova que vazou e que seria aplicada ontem e hoje exigiria mais conteúdo

PATRÍCIA GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL

Inspira, expira. Responder a cada uma das 90 questões dos dois dias de Enem não requer apenas conhecimento. Requer, antes de tudo, ritmo de prova. Tanto é que já no fim do exame é difícil diferir se o que atrapalha responder a questão é sua dificuldade real ou o cansaço.
Essa foi a impressão de todos os 16 estudantes convidados pela Folha para fazer a prova do Enem que seria aplicada ontem e hoje em todo o Brasil. Estiveram presentes alunos de três pré-vestibulares: Cursinho do XI, COC e CPV.
A proposta era a seguinte: metade dos alunos faria as 90 questões do primeiro dia -de ciências da natureza e humanas- e a outra metade faria as 90 questões do segundo dia- de português e matemática. O tempo dado para responder às provas de múltipla escolha era de quatro horas e meia. Os alunos não fizeram a redação.
"Foi muito cansativo" era o comentário generalizado dos alunos no debate promovido no final do simulado.
E a prova foi muito longa mesmo. Primeiro a terminá-la, Vitor Pereira, 18, entregou as respostas após quatro horas e quinze minutos de exame.
"Até seria uma prova boa de fazer se ela tivesse a metade do tamanho. Como ela exige raciocínio, 90 questões é muito", disse Vitor, estreante no Enem -até o ano passado eram 63 questões, em um dia de prova.
Mais experiente, Luciana Righetti, 20, disse que seu desempenho no final da prova foi prejudicado pelo cansaço. "No fim eu já não sabia se era dificuldade mesmo ou cansaço", diz a vestibulanda de medicina que presta o Enem pela quinta vez.
De fato, seus erros se concentraram nas questões finais.
Para responder as questões a tempo, Guilherme Martins, 18, adotou a tática de ler a pergunta primeiro, ver o que era pedido e já ler o texto procurando a resposta. "Não daria tempo para ler tudo e, muitas vezes, o texto não ajudava a responder", diz Guilherme.
"Por causa do tamanho, tem uma hora que as questões fáceis ficam difíceis", diz Thomás Amaral, 18, para quem as provas foram muito repetitivas.
"É muita questão para pouco conteúdo. Matemática, por exemplo, teve só porcentagem e regra de três", diz Vitor.
A repetição de conteúdos foi também apontada nas questões de física, "com energia demais", segundo os alunos, e na utilização de um mesmo poema duas vezes na prova de linguagens e suas tecnologias.
Concorrendo a uma vaga em medicina, Malek Imad, 22, achou a prova de humanas "positiva demais". "Achei engraçado porque não teve visão crítica do Brasil", disse.
Comparado com o Enem do ano passado, dizem os alunos, o exame que seria aplicado neste ano exige mais conteúdo. Mas, apesar das mudanças, a maior característica do exame foi mantida, a interdisciplinaridade. "Em uma questão de matemática, se não soubesse geografia, não resolvia", diz Luana Lima, 20.


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