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Quatro dias antes dos atentados, presos reivindicaram mais alimentos e banho de sol; secretário diz que alguns itens são absurdos
Líderes do PCC exigem regalias do governo
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A principal linha de investigação sobre os ataques envolve uma
lista de reivindicações entregue
pelo PCC à direção do Centro de
Readaptação Penitenciária de
Presidente Bernardes (589 km de
SP), unidade em que estão os
principais líderes da facção.
Na última quarta-feira, os presos Júlio César Guedes de Moraes,
o Julinho Carambola, e Sandro
Henrique da Silva Santos, o Gulu,
pediram audiência com o diretor
do presídio para entregar uma lista de exigências que modificam o
funcionamento do RDD (Regime
Disciplinar Diferenciado) e ampliam a variedade de itens de limpeza, de higiene e, principalmente, de alimentos que eles podem
receber dos familiares.
Caso os pedidos não fossem
atendidos em 30 dias, a organização daria início a "movimentos"
dentro e fora das prisões.
O RDD foi criado após a megarrebelião de fevereiro de 2001 e serve como castigo para presos indisciplinados, por período de no
máximo um ano, que pode ser renovado caso haja reincidência.
Nas três unidades em que é aplicado no Estado, não há visitas íntimas, o banho de sol é limitado a
uma hora por dia e os presos permanecem em celas individuais,
sem rádio ou televisão.
Futebol e rocambole
O PCC quer, entre outras coisas,
duas horas de banho de sol por
dia, visita íntima uma vez por
mês, rádio, jogo de futebol liberado e banho quente para internos
com problemas de saúde. Na lista
do "jumbo", gíria para gêneros
entregues pela família, pedem
chocolates, bolachas, pacotes de
pão, catchup, rocambole e garrafas de água de coco, entre outras
coisas, fora roupas, revistas e fotos em número ilimitado.
Para o Ministério Público e a
polícia, os ataques do final de semana ocorreram em represália ao
RDD e como demonstração de
poder. Há um mês, um advogado
Mário Sérgio Mungioli foi detido
no CRP de Bernardes, após falar
com o assaltante Marcos Willians
Herbas Camacho, o Marcola,
atual nš 1 da facção, porque estaria servindo como mensageiro e
colaborando com a articulação de
atentados. A prisão rendeu a Marcola, Julinho e Gulu um novo período de um ano no RDD.
Os ataques planejados nessa
época ocorreriam em série, de domingo para segunda-feira, contra
vagões do metrô, torres de alta-tensão e de telefonia. O objetivo
seria causar pânico na população
e pressionar o governo a acabar
com o RDD, segundo a polícia.
Ontem, o secretário da Administração Penitenciária do Estado,
Nagashi Furukawa, disse que "pedidos legítimos podem ser atendidos", como banho quente para
doentes e aumento da quantidade
de refeição -pedido feito sexta-feira pelos presos de Avaré, uma
das unidades com RDD.
"O RDD não é um regime comum. Se for para oferecer tudo o
que querem [visita íntima, por
exemplo], vira uma unidade comum", disse. "Estão pedindo algumas coisas absurdas", afirmou
o secretário, sobre o novo jumbo
exigido pelas lideranças.
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