São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2006

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Vizinhança de Congonhas pede fim de vôo após as 24h

Em carta à Anac e à Infraero, entidades de moradores criticam aumento do horário-limite de vôos, que foi das 23h para a 1h30

Infraero disse que apenas obedece a determinação da Anac, que, por sua vez, informou que a medida tem caráter provisório


DA REPORTAGEM LOCAL

As associações de moradores de Moema, Campo Belo e Vila de Castro, bairros que ficam no entorno do aeroporto de Congonhas, zona sul da capital, estão pedindo que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) proíba vôos em Congonhas após a meia-noite.
Na quarta-feira, a agência determinou a ampliação dos horários de vôos das 23h para as 1h30 durante o mês de novembro na tentativa de diminuir o congestionamento aéreo.
Ontem, as entidades entregaram uma carta para representantes da Anac em São Paulo com a proposta do horário-limite até a 0h neste mês. "Em que pese a delicada situação que momentaneamente passa o transporte aéreo nacional, não se pode admitir que sua regularização se faça em detrimento de toda uma comunidade", diz o documento, que também é endereçado à Infraero.
Desde a mudança de horário, moradores da região não conseguem mais dormir, diz a presidente da Associação dos Amigos de Moema, Lygia Horta. "O barulho é absurdo. Minha rua fica bem na rota de aproximação dos aviões e quando pousa algum, é um inferno", conta.
Moradora do Campo Belo, Cecília Krapienis, 42, assistente de importação, conta que o horário-limite para encerramento dos vôos nunca foi respeitado. "Piorou agora", disse . "É um horror, precisa tirar o aeroporto daí", completou sua irmã Cristina Krapienis, 40.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, disse ontem que entende a reclamação dos moradores, mas que é preciso "serenidade". "É uma situação atípica", disse. "E é por isso que a prefeitura está junto com o governo federal procurando criar condições em termos de infra-estrutura, de melhoria do trânsito na região, de sinalizações."
O advogado Marcus Vinícius Gramegna, da ONG Movimento Defenda São Paulo, disse que os moradores poderão entrar na Justiça com ação para ressarcir os danos morais e materiais. Neste caso, as pessoas deverão provar os prejuízos causados. Gramegna adiantou que o aeroporto deve se submeter às mesmas regras de qualquer outra empresa prestadora de serviço, especialmente com relação à lei que regulamenta a poluição sonora na cidade.
A Folha entrou em contato com a assessoria da Infraero, que afirmou que apenas está obedecendo a determinação da Anac quanto aos horários dos vôos. Já a assessoria da Anac informou que a medida tem caráter provisório. A decisão, porém, poderá ser suspensa assim que a situação melhorar, mesmo antes do fim do mês. (DANIELA TÓFOLI, VINÍCIUS ABBATE, REGIANE SOARES E EVANDRO SPINELLI)

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