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Vizinhança de Congonhas pede fim de vôo após as 24h
Em carta à Anac e à Infraero, entidades de moradores criticam aumento do horário-limite de vôos, que foi das 23h para a 1h30
Infraero disse que apenas obedece a determinação
da Anac, que, por sua vez, informou que a medida
tem caráter provisório
DA REPORTAGEM LOCAL
As associações de moradores
de Moema, Campo Belo e Vila
de Castro, bairros que ficam no
entorno do aeroporto de Congonhas, zona sul da capital, estão pedindo que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil)
proíba vôos em Congonhas
após a meia-noite.
Na quarta-feira, a agência determinou a ampliação dos horários de vôos das 23h para as
1h30 durante o mês de novembro na tentativa de diminuir o
congestionamento aéreo.
Ontem, as entidades entregaram uma carta para representantes da Anac em São Paulo
com a proposta do horário-limite até a 0h neste mês. "Em
que pese a delicada situação
que momentaneamente passa
o transporte aéreo nacional,
não se pode admitir que sua regularização se faça em detrimento de toda uma comunidade", diz o documento, que também é endereçado à Infraero.
Desde a mudança de horário,
moradores da região não conseguem mais dormir, diz a presidente da Associação dos Amigos de Moema, Lygia Horta. "O
barulho é absurdo. Minha rua
fica bem na rota de aproximação dos aviões e quando pousa
algum, é um inferno", conta.
Moradora do Campo Belo,
Cecília Krapienis, 42, assistente de importação, conta que o
horário-limite para encerramento dos vôos nunca foi respeitado. "Piorou agora", disse .
"É um horror, precisa tirar o
aeroporto daí", completou sua
irmã Cristina Krapienis, 40.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, disse ontem que
entende a reclamação dos moradores, mas que é preciso "serenidade". "É uma situação atípica", disse. "E é por isso que a
prefeitura está junto com o governo federal procurando criar
condições em termos de infra-estrutura, de melhoria do trânsito na região, de sinalizações."
O advogado Marcus Vinícius
Gramegna, da ONG Movimento Defenda São Paulo, disse que
os moradores poderão entrar
na Justiça com ação para ressarcir os danos morais e materiais. Neste caso, as pessoas deverão provar os prejuízos causados. Gramegna adiantou que
o aeroporto deve se submeter
às mesmas regras de qualquer
outra empresa prestadora de
serviço, especialmente com relação à lei que regulamenta a
poluição sonora na cidade.
A Folha entrou em contato
com a assessoria da Infraero,
que afirmou que apenas está
obedecendo a determinação da
Anac quanto aos horários dos
vôos. Já a assessoria da Anac
informou que a medida tem caráter provisório. A decisão, porém, poderá ser suspensa assim que a situação melhorar,
mesmo antes do fim do mês.
(DANIELA TÓFOLI, VINÍCIUS ABBATE, REGIANE SOARES E EVANDRO SPINELLI)
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