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Reitora da USP é acusada de plágio em estudo sobre vírus
Suely Vilela e outras dez pessoas publicaram trabalho em 2008 com figuras idênticas a estudo de 2003, mas sem crédito
Dois trechos de artigo também são idênticos; grupo da UFRJ denunciou suposto plágio, e envolvidos dizem que não houve má-fé
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
A USP abriu uma sindicância
interna para apurar uma acusação de plágio contra a reitora
Suely Vilela e mais dez pessoas.
Na prática, a universidade vai
investigar sua própria reitora.
O grupo formado por bioquímicos e farmacêuticos publicou um trabalho em 2008 com
três figuras idênticas a um outro estudo, que saiu em 2003. A
pesquisa mais antiga está assinada por um grupo da UFRJ
(Universidade Federal do Rio
de Janeiro), autor da denúncia.
O estudo assinado pela microbiologista Angela Hampshire Soares e outros sete colaboradores é sobre a eventual aplicação de uma substância extraída da planta sacaca (típica
da Amazônia) para o controle
da leishmaniose -as imagens
que geraram acusação de plágio
retratam ação da substância.
Um dos objetivos da pesquisa
da USP é investigar se uma
substância isolada da jararaca é
útil contra o vírus da dengue.
A reitora Suely, que é bioquímica, é uma das coautoras do
trabalho. O principal autor da
pesquisa é Andreimar Soares,
professor da USP de Ribeirão
Preto. O grupo nega que houve
má-fé.
A cópia não se resume às três
imagens idênticas de microscopia eletrônica que aparecem
nas duas pesquisas.
Dois trechos do texto do artigo de 2008, publicado pela revista "Biochemical Pharmacology", são semelhantes a parágrafos que constam do artigo
original, editado na revista
americana "Antimicrobial
Agents and Chemotherapy".
No artigo científico do grupo
da USP não existe nenhuma referência ao trabalho anterior,
de 2003. As chamadas referências bibliográficas formam um
item obrigatório, e elementar,
de todo texto de pesquisa.
"Estamos todos chateados e
perplexos [com o uso das imagens]", diz Rodrigo Stábeli, pesquisador da Fundação Oswaldo
Cruz em Porto Velho, Roraima.
Ele é um dos 11 autores do trabalho suspeito de plágio.
Especialista em estudos de
proteínas, Stábeli não participou diretamente das pesquisas
realizadas em Ribeirão Preto.
O cientista é a favor da sindicância, que deverá mostrar, segundo ele, que o suposto plágio
é fruto de um equívoco.
O artigo publicado em 2008,
assinado pelas 11 pessoas e,
portanto, sob responsabilidade
de todos, surgiu a partir da tese
de doutorado da, na época, aluna Carolina Sant'Ana.
Após ter obtido o título de
doutora, a pesquisadora, hoje,
não está mais na universidade.
Segundo o grupo acusado de
plágio, uma confusão da aluna,
que teria usado as imagens em
seminário interno na faculdade, é o que poderia explicar as
cópias. Ela não foi localizada.
A USP possui um portal eletrônico exclusivo para as teses
defendidas na universidade. O
trabalho de Sant'Ana, depositado em 2008, não estava disponível para consulta ontem.
Na história recente da USP,
não é a primeira vez que pesquisadores são acusados de plágio. Em 2008, Alejandro de Toledo, diretor do Instituto de Física da USP, e Nelson Carlin Filho, vice-diretor da Fuvest, foram investigados. O caso terminou com uma moção de censura ética contra os cientistas.
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