São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2010

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Policiais são suspeitos de forjar BOs para extorsão

Boletins falsos eram usados para extorquir dinheiro de donos de postos de gasolina

Esquema funcionava, segundo a investigação, no DP de Cumbica; falso denunciante recebia até R$ 300 por ocorrência

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Um delegado, dez policiais civis e cinco policiais federais são investigados sob a suspeita de forjar boletins de ocorrência para extorquir dinheiro de donos de postos de combustível.
As ocorrências falsas eram registradas na delegacia da Polícia Civil no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
A investigação começou em julho deste ano. Um dos suspeitos de chefiar o esquema é Carlos Alberto Achôa Mezher, ex-chefe da delegacia de Cumbica. À Folha ele negou as acusações.
O esquema, segundo apuração da Polícia Federal e do Ministério Público Estadual, era sempre o mesmo: funcionários do aeroporto recebiam de R$ 100 a R$ 300 para registrar boletins de ocorrência previamente combinados com os policiais.
Nos BOs, eles contam que, ao abastecer seus carros em um posto, viram caminhões-tanque sem identificação descarregar combustível.
Na queixa, os denunciantes dizem que pediram nota do combustível por terem ficado desconfiados, mas alegam que o dono não a apresentou e por isso decidiram denunciar o caso à polícia.
A suspeita é que foram registrados ao menos 50 boletins contra postos. A PF e a Promotoria dizem ainda não saber se os donos chegaram a aceitar a extorsão. Também afirmam não saber qual o critério de escolha dos postos.
A principal testemunha do esquema já foi ouvida (o nome é preservado a pedido dos investigadores) e detalhou como era o esquema.
Dois dos boletins investigados foram registrados em 16 de abril -um contra um posto em Sertãozinho e outro em Rio Claro. Nos dois casos, os denunciantes dizem ter abastecido exatos R$ 20.
Com o boletim em mãos, de acordo com a investigação, os policiais civis e federais passavam a pressionar os donos dos postos para obter algum tipo de vantagem.
Os registros dos boletins, segundo a testemunha, eram sempre direcionados pelos policiais federais, que já entregavam aos escrivães da Polícia Civil em Cumbica os dados dos postos que deveriam constar na ocorrência.

SEGURANÇA PRIVADA
Desde o início das investigações, Mezher assumiu a chefia da Deatur (Delegacia Especializada no Atendimento ao Turista), órgão responsável por cuidar de eventos como a F-1.
Conforme a Folha revelou em junho, Mezher já é investigado por explorar segurança privada com uma empresa em nome de sua mãe e de sua ex-mulher. O delegado Mezher nega participação direta na administração da empresa, o que é proibido por lei.


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