Sérgio Sales afirmou que a polícia o torturou e o ameaçou e que mentiu em depoimentos sobre o sumiço de Eliza

Acusado era o único que contou sobre o que teria visto no sítio do goleiro; ele pediu a substituição de seu advogado no caso

Alex de Jesus/O Tempo/Folhapress

Bruno Fernandes deixa fórum de Ribeirão das Neves (MG)

JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO

O primo do goleiro Bruno Fernandes, Sérgio Rosa Sales, o Camelo, 22, disse ontem que foi torturado e ameaçado pela polícia.
De acordo com Sales, ele mentiu em depoimentos durante as investigações sobre o suposto sequestro e assassinato de Eliza Samudio, ex-amante de Bruno.
Sales era o único dos oito réus acusados pelo crime que colaborou com a polícia e que supostamente contou sobre o que viu no sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG).
As declarações foram feitas ontem, durante uma audiência no fórum de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, na qual foram ouvidas testemunhas de defesa dos réus do caso.
O acusado também pediu à Justiça que seu advogado seja substituído.
Durante a audiência, o primo do goleiro Bruno pediu a palavra para a juíza que ouvia as testemunhas.
Sales afirmou que o delegado Edson Moreira, responsável pelo caso, o torturou com um saco plástico e o obrigou a aceitar o advogado Marco Antônio Siqueira como seu defensor.

CATIVEIRO
O delegado, segundo Sales, ainda o obrigou a incriminar os outros réus e a mentir em depoimentos e na reconstituição do crime.
Em um depoimento em julho, Sales havia dito à polícia que Eliza foi mantida em cativeiro no sítio de Bruno antes de ser morta pelo ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola.
O depoimento era uma das principais provas da polícia contra Bruno.
Além de Sales, também compareceram à audiência o goleiro Bruno e outros sete réus indiciados pelo desaparecimento de Eliza.
Na chegada ao fórum, o goleiro mandou beijos para pessoas que gritaram palavras de apoio a ele.
Ontem, a Polícia Civil de Minas Gerais fez buscas pelo corpo de Eliza Samudio na região de Belo Horizonte. Nada foi encontrado.


Texto Anterior: Há 50 Anos
Próximo Texto: Outro lado: Polícia Civil e advogado negam problema
Índice | Comunicar Erros