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MEC quer rever restrição a livro de Lobato
Ministério pede que conselho reveja parecer contrário à distribuição de "Caçadas de Pedrinho" nas escolas públicas
Ministro Haddad diz não ver racismo na obra, mas não descarta
hipótese de inclusão de uma nota explicativa
ANGELA PINHO
DE BRASÍLIA
O Ministério da Educação
vai pedir que o CNE (Conselho Nacional de Educação)
reveja o parecer que recomendou restrições à distribuição do livro "Caçadas de
Pedrinho", de Monteiro Lobato, a escolas públicas.
Como revelou a Folha, o
conselho sugeriu em um parecer que a obra não seja distribuída pelo governo ou, caso isso seja feito, que contenha uma "nota explicativa"
sobre o contexto em que ela
foi escrita, devido a um suposto teor racista.
Para vigorar, o parecer teria que ser homologado pelo
ministro Fernando Haddad,
que ontem disse não concordar com o conselho.
De acordo com ele, chegou
ao ministério um número
"incomum" de reclamações
de educadores e especialistas a respeito do tema. "Foram muitas manifestações
para que o MEC afaste qualquer hipótese de censura a
qualquer obra", afirmou.
Ele disse que não vê racismo em "Caçadas de Pedrinho", mas não descartou a
possibilidade de o conselho
recomendar que as editoras
publiquem as notas explicativas sobre determinada obra
quando isso for considerado
necessário. Essa posição foi
defendida também pelo ministro da Igualdade Racial,
Eloi Ferreira de Araújo.
Haddad afirmou ainda
que, qualquer que seja a decisão do conselho, ela deve
valer para todos os livros distribuídos pelo MEC e não
apenas para um.
Publicado em 1933, "Caçadas de Pedrinho" conta a história de uma aventura da turma do Sítio do Picapau Amarelo na busca de uma onça-pintada.
De acordo com o CNE, o racismo estaria presente, entre
outras passagens, na abordagem da personagem Tia Nastácia e de animais como o
macaco e o urubu. Uma delas
diz: "Tia Nastácia, esquecida
dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma
macaca de carvão".
Em relação aos animais,
um exemplo mencionado na
denúncia da qual o CNE partiu para fazer o parecer é:
"Não é à toa que os macacos
se parecem tanto com os homens. Só dizem bobagens".
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