São Paulo, sexta-feira, 04 de novembro de 2011

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BENAURO ROBERTO DE OLIVEIRA (1947-2011)

Beno, um professor de história

ANDRESSA TAFFAREL
ESTÊVÃO BERTONI

DE SÃO PAULO

Quando alguém queria parar o paulistano Benauro Roberto de Oliveira na rua, normalmente não o chamava pelo nome, mas por "professor". "Inclusive pessoas de 40 anos, que foram alunos dele", diz a mulher, Sandra.
Já para os mais próximos, o professor de história formado pela USP era o Beno. Alguns assuntos que ensinava em sala, ele vivenciou de perto, como a ditadura militar. Membro do PCB, foi preso e torturado. Na década de 70, chegou a viver na URSS.
Em São Paulo, deu aulas em vários colégios e na PUC. Foi trabalhando, aliás, que ele conquistou Sandra. Após serem apresentados por uma amiga em comum, Beno a convidou para assistir a uma aula dele e depois comerem pizza. "Fiquei encantada com aquele homem falando."
Ficaram juntos por 25 anos e criaram três filhos -dois de Beno e um de Sandra, de relacionamentos anteriores. Aposentado como professor havia cerca de dez anos, trabalhava na CDHU, onde era subordinado da mulher.
De família católica, até coroinha foi na infância, mas se tornou agnóstico. Manteve-se socialista até o fim. Gostava de uma boa pinga e de contar causos. "Foi o comunista mais afetivo que já conheci", lembra o amigo Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc-SP.
Muito ligado ao cinema e à música, ajudou a fundar a escola de samba Pérola Negra. Morreu na quarta (26), aos 64, de câncer. Suas cinzas serão jogadas na praça Benedito Calixto, onde cresceu na capital, e no sítio em São Lourenço da Serra (SP) onde queria passar a aposentadoria.

coluna.obituario@uol.com.br


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