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VIOLÊNCIA
Documento de ONG cita caso Gradi e Febem de SP
Relatório diz que ano foi negativo para direitos humanos no país
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ano de 2002 foi negativo para
os direitos humanos no Brasil,
afirmou o diretor do Centro de
Justiça Global, James Cavalaro,
ontem, no lançamento do relatório anual da entidade na Assembléia Legislativa de São Paulo.
"Este ano será lembrado como
o da garantia de impunidade na
chacina de Eldorado dos Carajás,
o ano em que se descobriu o controle do crime organizado no Espírito Santo e pelo caso da morte
do jornalista Tim Lopes", disse.
No primeiro caso, dos 146 policiais militares do Pará julgados
pela morte de 19 sem-terra em 96,
apenas dois foram condenados e
apelam da decisão em liberdade.
Sobre o Espírito Santo, não passou pelo governo federal o pedido
de intervenção feito por entidades
após o assassinato do advogado
Joaquim Marcelo Denadai, em
abril. Neste mês, outro escândalo
derrubou a cúpula da PF no Estado. O agricultor Manoel Correa
da Silva Filho, que testemunharia
contra um coronel da PM do Estado supostamente envolvido
com grupo de extermínio e roubo
de carga, foi morto na prisão.
O relatório de 200 páginas, editado em português e inglês, inclui
também denúncias de tortura, de
violência policial, no campo, casos de discriminação racial, problemas no sistema prisional e trabalho escravo, entre outros. Há
ainda sugestões de medidas.
Para a finalização do documento, o Centro de Justiça Global visitou o Distrito Federal e 13 Estados, entre eles Rio de Janeiro, São
Paulo, Espírito Santo e Paraná.
São Paulo
O aumento das mortes em confronto com a polícia (de 2001 para
2002), mais as ações de infiltração
de presos em quadrilhas pela PM
e práticas de tortura contra internos da Febem garantiram capítulos à parte ao Estado de São Paulo.
O secretário da Segurança Pública do Estado, o promotor Saulo
de Castro Abreu Filho, ex-presidente da Febem, recebeu críticas
na divulgação do relatório.
Para o advogado Ariel de Castro
Alves, da Comissão de Direitos
Humanos da OAB/SP, Abreu Filho restringiu o acesso de entidades de direitos humanos às unidades da Febem. "Essa calmaria
[sem rebeliões] de hoje tem sido
obtida por meio da intensificação
de torturas e maus-tratos", disse.
A Febem nega essas práticas.
O deputado Renato Simões
(PT), presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Assembléia, afirmou que o secretário
implantou uma política de inteligência policial dominada por
abusos, citando as ações de PMs
do Gradi (Grupo de Repressão e
Análise de Delitos de Intolerância), investigados por tortura e
homicídios. "O secretário é uma
ameaça à democracia."
O secretário, por meio de sua
assessoria, informou que não falaria sobre o Gradi nem responderia às críticas. Sobre a Febem,
afirmou que as entidades passaram a ter de agendar as visitas para que "não interferissem na
agenda educativa dos internos".
Promotores não precisam disso.
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