|
Próximo Texto | Índice
TRANSPORTE
Elevação da Cofins, prevista em medida provisória do governo federal, trará prejuízo anual de R$ 24,6 mi a SP
Prefeitura terá de bancar perda de viações
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeitura já se prepara para
discutir a revisão do equilíbrio
econômico-financeiro da remuneração das viações que operam
em São Paulo, menos de seis meses depois da assinatura dos contratos de concessão de R$ 12,3 bilhões, válidos por dez anos. Estão
em jogo R$ 24,6 milhões anuais
-valor que corresponde a 170
ônibus zero-quilômetro.
Essa posição é considerada inevitável por Jilmar Tatto, secretário
dos Transportes, em razão da medida provisória do governo federal que estabelece mudanças na
Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) -com a elevação da alíquota
de 3% para 7,6%, aliada ao fim da
cumulatividade (incidência sobre
todas as etapas de produção), que
é uma atenuante somente para os
setores da economia que produzem com muita matéria-prima e
pouca mão-de-obra, situação
oposta à das empresas de ônibus.
"Aumento de imposto caracteriza desequilíbrio econômico-financeiro. É um fato superveniente. Quando é algo previsível, os
prejuízos ficam para os empresários. Quando é aumento de imposto, não", afirma Tatto, que diz
se mobilizar para tentar reverter a
proposta do governo Lula.
Como ele descarta elevar a tarifa
de R$ 1,70 aos usuários no ano
que vem, quando a prefeita Marta
Suplicy (PT) tentará a reeleição, a
alternativa, exceto se houver uma
arrecadação excepcional do sistema, será elevar a injeção de subsídios ao setor -que, pela proposta
orçamentária do governo, já teria
R$ 280 milhões em 2004.
Tatto engrossa as contestações
de empresários e entidades de
transporte, que reclamam da elevação da carga tributária num
momento em que se discute a diminuição das tarifas para inserir
no sistema a população que hoje
anda a pé por falta de dinheiro.
"Está havendo uma campanha
no Brasil todo para a desoneração
do sistema de transporte, redução
do óleo diesel, do IPI dos veículos,
daí vem a Cofins e pega só em São
Paulo R$ 24,6 milhões por ano.
Vamos chorar, lamentar e torcer
para mudar", afirma.
A MP foi lançada no final de outubro, será apreciada no Congresso Nacional nas próximas semanas e deverá entrar em vigor nos
primeiros meses de 2004.
No resto do país, os custos devem ser repassados aos passageiros. O deputado Jackson Barreto
(PTB-SE), coordenador da Frente
Parlamentar do Transporte Público (formada por 125 deputados
federais e 18 senadores), diz que a
elevação das passagens irá variar
de 3% a 5%. "A MP veio na contramão de todas as propostas e será sentida diretamente pela população de baixa renda", afirma.
Marcos Bicalho, da NTU (Associação Nacional das Empresas de
Transportes Urbanos), diz que a
elevação direta dos custos, sem
contar os efeitos cumulativos, será de, no mínimo, 2%.
Na capital paulista, a Cofins deve ser mais um elemento para
comprometer a implantação de
tarifas diferenciadas no sistema
de transporte em 2004.
A proposta inicial da gestão
Marta era adotar uma passagem
mais barata para os deslocamentos menores, entre os bairros.
Tatto diz agora ter certeza somente sobre a adoção da tarifa
temporal no ano que quem -por
meio da qual os passageiros, pagando R$ 1,70, poderão fazer várias viagens no período de duas
horas. Sobre os preços diferenciados, ele afirma: "A tarifa temporal
é algo necessário, que vamos ter
que acelerar. Já a tarifa diferenciada, nós não descartamos, mas não
temos condições de dizer. Os estudos é que vão determinar", diz.
Próximo Texto: Administração: Na última hora, projeto cria mais 82 novos cargos Índice
|