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URBANISMO
Promotor argumenta que mapas não foram publicadas no "Diário Oficial"; prefeitura ainda não foi notificada
Justiça suspende projetos de zoneamento
DA REPORTAGEM LOCAL
Duas das prioridades da prefeitura paulistana nesses quase três
anos de governo, os projetos de
mudança no zoneamento da cidade e de implementação do Plano Diretor estão suspensos desde
ontem pela Justiça.
Esses projetos determinam o
uso de bairros e orientam o crescimento de São Paulo. Os planos regionais completam e detalham o
Plano Diretor, aprovado em setembro de 2002, e tratam de questões essenciais para a cidade, como trânsito e proteção aos mananciais. Já a Lei do Zoneamento
define o que pode e o que não pode funcionar em determinadas
áreas. Um complementa o outro.
A liminar judicial suspendeu a
tramitação dos dois projetos na
Câmara Municipal a pedido do
promotor Mário Malaquias. Os
projetos precisam ser aprovados
em duas votações para irem à sanção de Marta Suplicy (PT).
Na ação, o promotor argumentou que a prefeitura não publicou
na íntegra os dois projetos no
"Diário Oficial" do município, como determina a lei.
Além disso, Malaquias afirma
que a mudança na Lei de Zoneamento e os planos diretores regionais têm de ser obrigatoriamente
discutidos em conjunto com dois
outros projetos -o Plano Municipal de Habitação e o Plano Municipal de Circulação Viária e
Transportes. Isso é o que determina a própria lei do Plano Diretor,
aprovada pela Câmara Municipal
no ano passado.
O promotor afirma que a prefeitura publicou apenas parcialmente os projetos porque não saíram
no "Diário Oficial" os mapas e
anexos que fazem parte dos textos. Para Malaquias, sem isso, os
cidadãos não têm como analisar o
que está no Legislativo.
Como exemplo, ele cita um morador que tenha participado de
uma plenária dos planos diretores
regionais em seu bairro e agora
queira verificar como ficou o texto final. Sem os mapas, segundo o
promotor, isso é impossível.
"Projetos maculados"
"Estão maculados esses projetos
porque não está bem dada a oportunidade à população de ter pleno
conhecimento do seu teor", falou
Malaquias.
Agora, a prefeitura tem dez dias
para provar que publicou na íntegra os projetos e explicar as possíveis falhas apontadas pela Promotoria. Procurada, a Secretaria de
Negócios Jurídicos afirmou que
ainda não tinha sido notificada.
De acordo com Malaquias, não
adianta mais a prefeitura publicar
agora a íntegra dos projetos. O
certo, segundo o promotor, será
recomeçar tudo do início.
"Novela"
A questão dos planos diretores
regionais se arrasta há meses na
Câmara Municipal. Os projetos
de cada uma das 31 subprefeituras, que serão votados em conjunto, deveriam ter sido enviados ao
Legislativo até o final de abril, mas
houve sucessivos adiamentos.
No primeiro semestre, a previsão do governo era que os planos
fossem votados em outubro, mas
aconteceram problemas em várias fases de sua elaboração. Com
os atrasos, os projetos chegaram à
Câmara Municipal apenas em
agosto, descumprindo o que estava previsto no Plano Diretor.
Com base nisso, a oposição chegou até a pedir um processo contra Marta, que acabou arquivado.
A Lei de Zoneamento também
tem muitas falhas de redação que
podem desvirtuar o projeto. A Folha revelou há dois meses, por
exemplo, que uma brecha permite a instalação de comércio e de
serviços em zonas exclusivamente residenciais.
O gabinete do líder do governo,
João Antonio (PT), separou uma
sala exclusivamente para que assessores trabalhem para "arredondar" o projeto e deixá-lo
pronto para votação.
Apesar de o próprio petista admitir que a votação deve ficar
mesmo para o ano que vem, a
oposição à prefeita na Câmara
atribui toda essa dedicação a uma
possível tentativa de aprovar rapidamente os planos, ainda em
2003 -e, assim, pegar os vereadores oposicionistas "de surpresa".
(PEDRO DIAS LEITE)
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