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Fortaleza terá área tradicional revitalizada
Abandonada, praia de Iracema terá 27 imóveis desapropriados para a construção de equipamentos públicos, como um museu
Entre os locais a serem desapropriados, está o
badalado Pirata Bar, que promove um forró às
segundas há 21 anos
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Antigo ponto boêmio de Fortaleza, a praia de Iracema será
revitalizada por meio da desapropriação de 27 imóveis e da
construção de equipamentos
públicos, como centro de apoio
ao turista e museu.
Abandonada pelo poder público ao longo dos anos, a região
está hoje quase toda depredada
e marcada pelo turismo sexual,
inclusive com a exploração de
adolescentes.
O projeto de revitalização da
prefeitura quer promover o turismo cultural na área. A previsão de investimento é de R$ 5
milhões em recursos federais a
partir de janeiro.
A lista de locais a serem desapropriados inclui, além de bares e restaurantes hoje fechados com tapumes, o Pirata Bar,
que promove um forró às segundas-feiras há 21 anos. É justamente por causa dessa casa
de forró que Fortaleza tem fama de ter a "segunda-feira mais
animada do mundo".
O dono do bar, o português
Júlio Trindade, reuniu 24 entidades ligadas ao turismo local
para montar um manifesto pela
permanência da casa.
A arquiteta Lia Parente,
coordenadora do projeto de revitalização, afirmou que o Pirata e outros restaurantes que
não integram o circuito do turismo sexual serão mantidos,
desde que se ajustem às linhas
da iniciativa - como horário,
volume do som, entre outros
ainda a serem definidos.
As áreas desapropriadas pela
gestão Luizianne Lins (PT) deverão ser ocupadas por equipamentos turísticos, alguns deles
públicos, como uma casa de informações turísticas.
O projeto prevê ainda a instalação de um aquário público,
um "Museu do Forró", um pólo
gastronômico e uma casa lusofônica, de referência aos países
de língua portuguesa.
A revitalização deverá se estender por área pouco superior
a um quilômetro à beira-mar,
com reconstrução do calçadão
da praia e uma conexão com o
centro cultural Dragão do Mar
de Arte e Cultura, um dos principais pontos turísticos de Fortaleza hoje, onde há museus,
bares, restaurantes, cinemas,
um anfiteatro e boates.
Para Parente, sempre houve
intenção da prefeitura em requalificar a praia de Iracema,
mas a demora na implantação
do projeto era previsível. "Os
comerciantes e os moradores
sempre quiseram isso, mas tínhamos que negociar, construir um projeto sólido."
Até um patrimônio do governo federal, um prédio do Dnocs
(Departamento Nacional de
Obras contra as Secas), está na
relação de desapropriações.
As desocupações serão restritas à beira-mar, mas bares
próximos terão de se adequar
ao projeto, segundo Parente.
"São bares com muitos conflitos com os moradores, pelo volume da música, e que propiciam o turismo sexual. Eles terão de se readequar."
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