São Paulo, terça-feira, 04 de dezembro de 2007

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Fortaleza terá área tradicional revitalizada

Abandonada, praia de Iracema terá 27 imóveis desapropriados para a construção de equipamentos públicos, como um museu

Entre os locais a serem desapropriados, está o badalado Pirata Bar, que promove um forró às segundas há 21 anos

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Antigo ponto boêmio de Fortaleza, a praia de Iracema será revitalizada por meio da desapropriação de 27 imóveis e da construção de equipamentos públicos, como centro de apoio ao turista e museu.
Abandonada pelo poder público ao longo dos anos, a região está hoje quase toda depredada e marcada pelo turismo sexual, inclusive com a exploração de adolescentes.
O projeto de revitalização da prefeitura quer promover o turismo cultural na área. A previsão de investimento é de R$ 5 milhões em recursos federais a partir de janeiro.
A lista de locais a serem desapropriados inclui, além de bares e restaurantes hoje fechados com tapumes, o Pirata Bar, que promove um forró às segundas-feiras há 21 anos. É justamente por causa dessa casa de forró que Fortaleza tem fama de ter a "segunda-feira mais animada do mundo".
O dono do bar, o português Júlio Trindade, reuniu 24 entidades ligadas ao turismo local para montar um manifesto pela permanência da casa.
A arquiteta Lia Parente, coordenadora do projeto de revitalização, afirmou que o Pirata e outros restaurantes que não integram o circuito do turismo sexual serão mantidos, desde que se ajustem às linhas da iniciativa - como horário, volume do som, entre outros ainda a serem definidos.
As áreas desapropriadas pela gestão Luizianne Lins (PT) deverão ser ocupadas por equipamentos turísticos, alguns deles públicos, como uma casa de informações turísticas.
O projeto prevê ainda a instalação de um aquário público, um "Museu do Forró", um pólo gastronômico e uma casa lusofônica, de referência aos países de língua portuguesa.
A revitalização deverá se estender por área pouco superior a um quilômetro à beira-mar, com reconstrução do calçadão da praia e uma conexão com o centro cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura, um dos principais pontos turísticos de Fortaleza hoje, onde há museus, bares, restaurantes, cinemas, um anfiteatro e boates.
Para Parente, sempre houve intenção da prefeitura em requalificar a praia de Iracema, mas a demora na implantação do projeto era previsível. "Os comerciantes e os moradores sempre quiseram isso, mas tínhamos que negociar, construir um projeto sólido."
Até um patrimônio do governo federal, um prédio do Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra as Secas), está na relação de desapropriações.
As desocupações serão restritas à beira-mar, mas bares próximos terão de se adequar ao projeto, segundo Parente. "São bares com muitos conflitos com os moradores, pelo volume da música, e que propiciam o turismo sexual. Eles terão de se readequar."


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