São Paulo, terça-feira, 04 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em SP, 88% querem banir o cigarro em lugar fechado

Entre os fumantes, 85% são a favor da proibição do fumo nesses ambientes

Tolerância ao cigarro é maior no caso de casas noturnas, aponta pesquisa Datafolha feita para uma ONG antitabaco

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não agrada ao paulistano sentir o cheiro de fumaça de cigarro enquanto come ou se diverte. No total, 88% dos que vivem em São Paulo não querem o fumo em ambientes fechados, como lanchonetes, bares, restaurantes e casas noturnas. Até os fumantes são partidários dessa opinião - 85% querem a proibição do fumo nos locais fechados, enquanto entre os não-fumantes o número é de 89%.
Esses são os principais resultados da pesquisa Datafolha feita para a ACT (Aliança de Controle do Tabagismo), uma ONG que defende restrições ao fumo. Foram entrevistados 612 pessoas, entre os dias 7 e 9 de novembro. A margem de erro é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos.
Em 2006, outra pesquisa do Datafolha apontou que 85% dos paulistanos eram contra o fumo em ambientes fechados.
Na opinião do secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, a pesquisa reflete a preocupação dos paulistanos em relação aos danos que o cigarro provoca à saúde de fumantes e não-fumantes.
"Penso que a pesquisa possa servir como base para que proprietários desses estabelecimentos restrinjam ao máximo o fumo nos ambientes fechados, contribuindo para a saúde e o bem-estar das pessoas que freqüentam esses locais. O cigarro é, segundo a Organização Mundial da Saúde, a principal causa de morte evitável", diz.
A pesquisa primeiro perguntou sobre o fumo em local fechado em geral, e, depois, questionou sobre o cigarro em diferentes estabelecimentos (lanchonete, restaurante, bares e casas noturnas). Os entrevistados foram mais tolerantes ao cigarro no caso de casas noturnas e bares -em 2007, 58% e 59% dos entrevistados, respectivamente, foram favoráveis à proibição do fumo. Em 2006, eram 62% e 63%.
Se o fumo fosse proibido em locais fechados, porém, 62% dos paulistanos disseram que continuariam a freqüentá-los.
A ACT vai iniciar neste mês a campanha "Qualquer ambiente fechado é pequeno demais para o cigarro". Serão distribuídas nas baladas caixas de fósforos com frases como "faça valer seu direito ao ar puro". Um dos focos será a saúde das pessoas que trabalham em locais fechados e inalam muita fumaça.

Legislação
A lei federal 9.294, de 1996, permite o tabaco "em área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente". Segundo a pesquisa, porém, 7 em cada 10 paulistanos são favoráveis à eliminação dos fumódromos em locais fechados.
Paula Johns, diretora da ACT, afirma que atualmente em São Paulo existe uma "separação fictícia" entre as áreas de fumante e de não fumante. Para ela, o paulistano está preparado para uma mudança na lei ou, pelo menos, para o cumprimento da lei atual. "É questão de engajamento do governo. Na Paraíba, a Vigilância Sanitária faz bem a fiscalização."
Na opinião do presidente do Sinthoresp (sindicato dos trabalhadores em restaurantes, bares, lanchonetes de SP), o cigarro deveria ser banido dos locais fechados. Mas ele faz ressalvas. "É complicado. Os donos dos estabelecimentos alegam que banir o cigarro pode causar redução de consumo e freqüência, e isso nos preocupa porque pode gerar demissões."
Sérgio Machado, diretor jurídico do Sinhores-SP e Fhoresp (sindicato e a federação dos hotéis, bares e restaurantes), defende a manutenção da área de fumantes. Segundo ele, é mais democrático atender a todos. Além disso, ele considera que os locais teriam prejuízo com o veto ao cigarro, pois muitas pessoas optariam pela casa de amigos a bares e restaurantes.


Texto Anterior: Símbolo: Sem acesso, estátua da índia Iracema é exemplo de deterioração
Próximo Texto: Saiba mais: Irlanda foi o 1º país na Europa a vetar fumo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.