|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Em SP, 88% querem banir o cigarro em lugar fechado
Entre os fumantes, 85% são a favor da proibição do fumo nesses ambientes
Tolerância ao cigarro é maior no caso de casas noturnas, aponta pesquisa Datafolha feita para uma ONG antitabaco
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não agrada ao paulistano
sentir o cheiro de fumaça de cigarro enquanto come ou se diverte. No total, 88% dos que vivem em São Paulo não querem
o fumo em ambientes fechados,
como lanchonetes, bares, restaurantes e casas noturnas. Até
os fumantes são partidários
dessa opinião - 85% querem a
proibição do fumo nos locais fechados, enquanto entre os não-fumantes o número é de 89%.
Esses são os principais resultados da pesquisa Datafolha
feita para a ACT (Aliança de
Controle do Tabagismo), uma
ONG que defende restrições ao
fumo. Foram entrevistados 612
pessoas, entre os dias 7 e 9 de
novembro. A margem de erro é
de quatro pontos percentuais,
para mais ou para menos.
Em 2006, outra pesquisa do
Datafolha apontou que 85%
dos paulistanos eram contra o
fumo em ambientes fechados.
Na opinião do secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto
Barradas Barata, a pesquisa reflete a preocupação dos paulistanos em relação aos danos que
o cigarro provoca à saúde de fumantes e não-fumantes.
"Penso que a pesquisa possa
servir como base para que proprietários desses estabelecimentos restrinjam ao máximo
o fumo nos ambientes fechados, contribuindo para a saúde
e o bem-estar das pessoas que
freqüentam esses locais. O cigarro é, segundo a Organização
Mundial da Saúde, a principal
causa de morte evitável", diz.
A pesquisa primeiro perguntou sobre o fumo em local fechado em geral, e, depois, questionou sobre o cigarro em diferentes estabelecimentos (lanchonete, restaurante, bares e
casas noturnas). Os entrevistados foram mais tolerantes ao
cigarro no caso de casas noturnas e bares -em 2007, 58% e
59% dos entrevistados, respectivamente, foram favoráveis à
proibição do fumo. Em 2006,
eram 62% e 63%.
Se o fumo fosse proibido em
locais fechados, porém, 62%
dos paulistanos disseram que
continuariam a freqüentá-los.
A ACT vai iniciar neste mês a
campanha "Qualquer ambiente
fechado é pequeno demais para
o cigarro". Serão distribuídas
nas baladas caixas de fósforos
com frases como "faça valer seu
direito ao ar puro". Um dos focos será a saúde das pessoas
que trabalham em locais fechados e inalam muita fumaça.
Legislação
A lei federal 9.294, de 1996,
permite o tabaco "em área destinada exclusivamente a esse
fim, devidamente isolada e com
arejamento conveniente". Segundo a pesquisa, porém, 7 em
cada 10 paulistanos são favoráveis à eliminação dos fumódromos em locais fechados.
Paula Johns, diretora da
ACT, afirma que atualmente
em São Paulo existe uma "separação fictícia" entre as áreas de
fumante e de não fumante. Para ela, o paulistano está preparado para uma mudança na lei
ou, pelo menos, para o cumprimento da lei atual. "É questão
de engajamento do governo. Na
Paraíba, a Vigilância Sanitária
faz bem a fiscalização."
Na opinião do presidente do
Sinthoresp (sindicato dos trabalhadores em restaurantes,
bares, lanchonetes de SP), o cigarro deveria ser banido dos locais fechados. Mas ele faz ressalvas. "É complicado. Os donos dos estabelecimentos alegam que banir o cigarro pode
causar redução de consumo e
freqüência, e isso nos preocupa
porque pode gerar demissões."
Sérgio Machado, diretor jurídico do Sinhores-SP e Fhoresp
(sindicato e a federação dos hotéis, bares e restaurantes), defende a manutenção da área de
fumantes. Segundo ele, é mais
democrático atender a todos.
Além disso, ele considera que
os locais teriam prejuízo com o
veto ao cigarro, pois muitas
pessoas optariam pela casa de
amigos a bares e restaurantes.
Texto Anterior: Símbolo: Sem acesso, estátua da índia Iracema é exemplo de deterioração Próximo Texto: Saiba mais: Irlanda foi o 1º país na Europa a vetar fumo Índice
|