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USP e Unesp adotam avaliação de professores
USP pagará prêmio de R$ 1.000 a servidores que tiveram bom desempenho
Bonificação leva em conta indicadores de desempenho da pós, o cumprimento
de metas e a posição em
rankings internacionais
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A USP e a Unesp, duas das
principais universidades do
país, decidiram criar programas de avaliação de seus servidores. Os sistemas prevêem pagamento de prêmios em dinheiro a professores e funcionários, no caso da USP, e uso de
um sistema de pontuação para
manutenção do regime de trabalho e do salário na Unesp.
O Prêmio Excelência Acadêmica Institucional USP terá o
valor de R$ 1.000 nesta primeira edição -metade desse valor
começa a ser pago hoje para
professores e funcionários.
A segunda parcela do bônus
será liberada no primeiro semestre do ano que vem. As próximas edições dependerão do
orçamento da universidade.
Os critérios de avaliação levam em conta uma série de indicadores de desempenho, que
inclui a avaliação da pós-graduação pela Capes -o prêmio
só é pago caso sejam mantidas
ou aumentadas as médias dos
conceitos dos programas.
Outro item avaliado é o cumprimento dos planos de metas
por todas as unidades.
O último deles leva em conta
a posição ocupada pela USP em
quatro rankings internacionais
que testam centros de ensino
(veja quadro nesta página).
Para fazer jus à premiação, a
USP deve, a cada ano, estar entre as 200 melhores universidades do mundo em pelo menos duas dessas listas.
Uma comissão gestora do
prêmio foi montada para avaliar o cumprimento das metas.
Somente com o pessoal da ativa, a USP vai gastar na primeira
edição cerca de R$ 21 milhões.
"A proposta do prêmio é reconhecer o esforço coletivo da
comunidade acadêmica nessas
conquistas, que conduzem à
ampliação da liderança acadêmica da universidade, tanto no
cenário nacional quanto no internacional", diz a reitora da
USP, Suely Vilela, em nota.
A premiação é criticada pelo
presidente da Adusp (Associação dos Docentes da USP), Otaviano Helene, que o vê como
uma forma de não conceder aumentos salariais. "Se há dinheiro no orçamento, deve-se discutir reajustes salariais, colocar
na mesa de negociações. Nem
houve discussão formal", diz.
Unesp
Já a Unesp criou sistema em
que o professor terá seu regime
de trabalho reduzido, o que
causa perda salarial, caso não
atinja o patamar de produtividade fixado pela instituição.
Cada "recuo" no patamar de
jornada pode significar perda
superior à metade do salário
-há três divisões, de 12, 24 e 40
horas de trabalho semanais.
Em uma escala de avaliação
que vai de zero a cem pontos, o
professor terá de atingir ao menos 50 (considerando a média
de desempenho em três anos)
para manter o regime de 40 horas semanais (grupo onde está a
maioria dos profissionais).
Cada atividade docente ganhou uma pontuação. Exemplos: disciplina ministrada vale
dois pontos; publicação de pesquisa em periódico reconhecido vale dez pontos. Será avaliada a produção do professor na
graduação, na pós, na pesquisa,
na extensão e na gestão.
"O docente precisa ter um
desempenho mínimo, uma
conduta acadêmica", afirmou o
reitor Marcos Macari. "Lutamos quatro anos para aprovar o
projeto. E estamos exigindo o
mínimo do mínimo."
Simulação feita pela comissão que criou o sistema indicou
que, se o modelo já estivesse em
funcionamento, cerca de 10%
dos docentes perderiam seus
regimes de trabalho. A instituição possui 3.554 professores.
"Mas a redução não é automática. Se não atingir os pontos, o professor ainda terá direito a defesa", afirmou o coordenador da Comissão Permanente de Avaliação da universidade, Adriano Antonio Natale.
A avaliação começou neste
ano. Ao final do período letivo,
os docentes devem entregar as
suas chefias os primeiros relatórios referentes à atividade
anual, para o acompanhamento do desempenho trienal.
A Adunesp (associação dos
professores) se mostra contrária à medida. Para a entidade,
um dos principais problemas é
adotar um único sistema de
avaliação para todas as áreas.
O modelo, diz a Adunesp, pode obrigar que os docentes canalizem suas pesquisas apenas
para áreas que tenham apoio e
financiamento de empresas.
"Como o professor precisará
apresentar uma produção, será
mais fácil se ele trabalhar com
áreas que recebem financiamento do mercado. Assim, você
deixa de valorizar outras atividades", disse Antônio Luis de
Andrade, diretor da entidade.
Andrade cita um exemplo:
"Ao mercado, não interessa desenvolver medicamentos para
doenças tropicais. Por isso, deixaremos de estudá-las?"
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