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Furnas conhecia falha que levou ao apagão
Desde 2007, estatal responsável pelas 3 linhas que caíram sabia que equipamentos operavam de forma precária na chuva
O mau funcionamento de isoladores em condições de chuva foi apontado pelo ONS como provável causa do último blecaute
SAMANTHA LIMA
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Dona das três linhas de
transmissão que desligaram e
deixaram 18 Estados sem luz
no último dia 10, Furnas sabia
desde 2007 que os equipamentos que falharam no último
apagão funcionavam de forma
precária com excesso de chuva,
segundo a Folha apurou. Vinha
providenciando a troca dos
equipamentos, mas foi incapaz
de evitar o blecaute.
Os isoladores são peças de
nove metros de altura, instaladas nas linhas de transmissão.
Impedem que a corrente transportada pelos fios desça pelas
torres ou pelas subestações e
atinja o chão -o que resultaria
em um curto-circuito.
O mau funcionamento dos
isoladores em condições de
chuva foi apontado pelo ONS,
há duas semanas, como provável causa do último apagão. Um
deles teria falhado numa linha
de transmissão próxima à subestação de Itaberá (SP), que
desligou. O desligamento da
primeira linha sobrecarregou
as demais. Com problemas semelhantes nos isoladores, uma
linha paralela à primeira e outra, depois de Itaberá, teriam
desligado numa fração muito
curta de tempo, e o sistema não
teve tempo de se recompor.
Está prevista para hoje a entrega do relatório com as causas do apagão ao Comitê de
Monitoramento do Setor Elétrico pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
A Folha apurou que, em
2007, uma falha na subestação
de Itaberá semelhante à ocorrida levou técnicos a investigar o
desligamento das linhas. Furnas verificou, então, que o problema decorreu de deficiência
no impedimento de circulação
de energia pelos isoladores.
A estatal decidiu remover os
isoladores e levá-los em caminhões para o Centro de Pesquisas em Energia Elétrica, do sistema Eletrobrás.
Depois de várias semanas de
análise, os técnicos concluíram
que, em situação de chuva forte, os isoladores perdiam capacidade de atuação. Providenciou-se, então, a troca de vários
isoladores que estavam instalados nas linhas de transmissão
de 750kV -as de maior tensão
da América Latina. Essas linhas são as que saem de Foz do
Iguaçu rumo ao Sul e ao Sudeste, e entre elas estão as três que
entraram em curto no dia 10.
Sem entender por que isso
passou a acontecer -já que a
estação tinha 27 anos sem registrar tal ocorrência-, Furnas
decidiu encomendar outros
isoladores, com inovações que
permitissem aumentar a capacidade de interrupção de transmissão de energia por eles.
O problema é que, como o
desenvolvimento do equipamento demanda serviços de
engenharia, o processo foi obrigado a passar por licitação -o
que consumiu alguns meses.
A troca de isoladores no sistema de linhas de subestações
de 750 kV foi iniciada, mas ainda não concluída, afirmam fontes próximas a Furnas.
A estatal informou ontem
que a troca de isoladores "faz
parte da rotina de manutenção". Oficialmente, nega que
tenha havido um programa específico para a troca desses isoladores. Diz Furnas que o blecaute do dia 10 não foi problema de equipamento, mas sim
por chuva e ventos. Segundo
Furnas, os equipamentos
"atuam dentro das normas".
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