São Paulo, sexta-feira, 04 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Furnas conhecia falha que levou ao apagão

Desde 2007, estatal responsável pelas 3 linhas que caíram sabia que equipamentos operavam de forma precária na chuva

O mau funcionamento de isoladores em condições de chuva foi apontado pelo ONS como provável causa do último blecaute

SAMANTHA LIMA
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Dona das três linhas de transmissão que desligaram e deixaram 18 Estados sem luz no último dia 10, Furnas sabia desde 2007 que os equipamentos que falharam no último apagão funcionavam de forma precária com excesso de chuva, segundo a Folha apurou. Vinha providenciando a troca dos equipamentos, mas foi incapaz de evitar o blecaute.
Os isoladores são peças de nove metros de altura, instaladas nas linhas de transmissão. Impedem que a corrente transportada pelos fios desça pelas torres ou pelas subestações e atinja o chão -o que resultaria em um curto-circuito.
O mau funcionamento dos isoladores em condições de chuva foi apontado pelo ONS, há duas semanas, como provável causa do último apagão. Um deles teria falhado numa linha de transmissão próxima à subestação de Itaberá (SP), que desligou. O desligamento da primeira linha sobrecarregou as demais. Com problemas semelhantes nos isoladores, uma linha paralela à primeira e outra, depois de Itaberá, teriam desligado numa fração muito curta de tempo, e o sistema não teve tempo de se recompor.
Está prevista para hoje a entrega do relatório com as causas do apagão ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
A Folha apurou que, em 2007, uma falha na subestação de Itaberá semelhante à ocorrida levou técnicos a investigar o desligamento das linhas. Furnas verificou, então, que o problema decorreu de deficiência no impedimento de circulação de energia pelos isoladores.
A estatal decidiu remover os isoladores e levá-los em caminhões para o Centro de Pesquisas em Energia Elétrica, do sistema Eletrobrás.
Depois de várias semanas de análise, os técnicos concluíram que, em situação de chuva forte, os isoladores perdiam capacidade de atuação. Providenciou-se, então, a troca de vários isoladores que estavam instalados nas linhas de transmissão de 750kV -as de maior tensão da América Latina. Essas linhas são as que saem de Foz do Iguaçu rumo ao Sul e ao Sudeste, e entre elas estão as três que entraram em curto no dia 10.
Sem entender por que isso passou a acontecer -já que a estação tinha 27 anos sem registrar tal ocorrência-, Furnas decidiu encomendar outros isoladores, com inovações que permitissem aumentar a capacidade de interrupção de transmissão de energia por eles.
O problema é que, como o desenvolvimento do equipamento demanda serviços de engenharia, o processo foi obrigado a passar por licitação -o que consumiu alguns meses.
A troca de isoladores no sistema de linhas de subestações de 750 kV foi iniciada, mas ainda não concluída, afirmam fontes próximas a Furnas.
A estatal informou ontem que a troca de isoladores "faz parte da rotina de manutenção". Oficialmente, nega que tenha havido um programa específico para a troca desses isoladores. Diz Furnas que o blecaute do dia 10 não foi problema de equipamento, mas sim por chuva e ventos. Segundo Furnas, os equipamentos "atuam dentro das normas".


Texto Anterior: Caso Paula Oliveira: Brasileira terá de ir a audiência na Suíça no dia 16
Próximo Texto: Táxi com desconto começa hoje à noite em SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.