São Paulo, sábado, 04 de dezembro de 2010

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Lula descarta Exército por muito tempo no Rio

Jobim não quer prazo fixo para Forças Armadas no Rio

Ministro da Defesa diz que permanência das tropas por tempo longo desvirtuaria o objetivo da entrada militar


ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Nelson Jobim (Defesa) não acataram o pedido do governador Sérgio Cabral (PMDB) para ampliar o emprego das Forças Armadas por mais sete meses no combate à criminalidade no Rio de Janeiro.
Lula telefonou anteontem para Jobim, que estava na Polônia, perguntando sobre a proposta de ampliação.
Presidente e ministro acertaram que o governo federal aceita manter as tropas no Rio, mas sem estabelecer prazos -muito menos longos, como quer Cabral.
Como a Folha revelou no início da semana, há um temor do Comando do Exército com o risco de "contaminação" dos militares por marginais e traficantes caso a permanência no local fosse ampliada por tanto tempo.
Lula publicou ontem no "Diário Oficial" da União a autorização para que o ministro emita uma nova diretriz oficial sobre as Forças Armadas no Rio. A diretriz estabelece a continuação da operação militar, mas sem datas preestabelecidas.
"É preciso ter flexibilidade para avaliar de tempo em tempo", disse Jobim à Folha. Hoje, ele vai para o Rio, onde terá encontro com Cabral para detalhar a continuação do trabalho militar no Estado.
O ministro pretende dizer claramente que o governo federal não aceita a formalização de mais sete meses dos militares na operação.
Segundo Jobim, uma permanência das tropas por um tempo longo iria desvirtuar o objetivo da entrada militar: "Em nenhum momento se pensou em transformar o Exército em polícia. Isso não vai acontecer", garantiu.
Ele explicou que as Forças Armadas entraram numa ação de emergência extraordinária e que não há sentido em ampliá-la "sine die", criando um padrão.
Disse que, além de estar em contato direto com Lula, tem discutido todas as questões envolvendo o Rio com os três comandantes: general Enzo Peri (Exército), almirante Julio Soares de Moura Neto (Marinha) e brigadeiro Juniti Saito (Aeronáutica).
Conforme a Folha apurou, Lula, Jobim e a presidente eleita, Dilma Rousseff, acham que Cabral tem falado mais do que devia.
Cabral já criou constrangimento a Dilma, por exemplo, ao anunciar o nome de seu secretário Sérgio Cortês para o Ministério da Saúde. Pressionada pelo PMDB, Dilma teve de desautorizá-lo.
O mesmo se repete agora, ao anunciar prazos sem consultar o governo. Incomodou militares e obrigou o presidente e o ministro a negarem.


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