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BALANÇO 2005
Na periferia, houve continuidade de algumas obras, como o Fura-Fila, mas sem projetos novos de destaque
Serra prioriza intervenções na região central
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Revitalização da ""cracolândia",
abertura de calçadões para os carros, estudo sobre a demolição do
Minhocão, reforma das praças da
República e da Sé, projetos de ampliação na av. dos Bandeirantes e
nas marginais Tietê e Pinheiros.
Em seu primeiro ano, a gestão
José Serra (PSDB) reservou à região central - e não à periferia-
suas propostas mais ousadas e
polêmicas de intervenção urbana.
A prefeitura até deu continuidade a parte das principais obras de
governos anteriores nas áreas
mais distantes, como as da Radial
Leste, da Jacu-Pêssego e do Fura-Fila, além de dois hospitais e de
prometer cinco novos CEUs.
Mas a gestão Serra só teve sua
"marca própria" no centro -recebendo alguns elogios pela atenção dada à área e também críticas
de que estaria preocupada apenas
com a questão urbana e estética,
sem dar a mesma atenção aos
problemas sociais da região.
Uma das ações de maior destaque se deu na "cracolândia". Com
a polícia, a prefeitura fechou bares
e hotéis que abrigavam tráfico,
usuários de drogas e prostitutas.
Nos meses seguintes, decretou
como de utilidade pública uma
área com 750 imóveis, que poderão ser desapropriados para atrair
investimentos nos setores de tecnologia e cultura. Foram aprovados incentivos fiscais, com redução de IPTU e ISS, às empresas
que quiserem se instalar no local.
Na "cracolândia", a presença
maciça de prostitutas e usuários
de crack foi substituída por ruas
um pouco mais vazias. A sensação de abandono, porém, persiste. E ainda é possível ver meninos
com a droga por lá ou nas imediações, para onde alguns migraram.
"Se eu for ao Morumbi ou a outros lugares, também vou ver menino usando crack. O importante
é que a "cracolândia" não é mais
aquela coisa concentrada, um endereço do crime", diz Andrea Matarazzo, subprefeito da Sé, sobre
as intervenções que comandou.
A reforma das praças da Sé e da
República -que foi cercada-,
com mudanças que devem dificultar a presença de moradores de
rua, também reforçou a discussão
sobre até que ponto essa revitalização não estaria sendo feita de
modo somente a empurrar os
problemas para outras áreas.
Cesar Bergstrom, diretor de urbanismo do Sinaenco (Sindicato
Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva),
está entre os que consideraram
"infelizes" intervenções como a
da "cracolândia" sob a alegação
de que foram medidas "isoladas"
e "de marketing", "factóides",
sem tratar da cidade inteira e mudando os problemas de lugar.
"O governo está mal de planejamento, a periferia está sem proposta", diz Bergstrom, que votou
em Serra e faz questão também de
citar aquilo que considera acertos
do tucano -como a "despolitização das subprefeituras" e a "despoluição visual", vetando a propaganda de imóveis em calçadas.
O subprefeito Matarazzo exalta
as melhorias do centro, citando a
atração de universidades. Também diz que a segurança melhorou -a quantidade de guardas
municipais será até fevereiro duas
vezes maior que há um ano.
Ele nega caráter "elitista" em
suas ações e diz que há abrigos para receber em condições dignas as
pessoas que vivem nas ruas.
A abertura de calçadões para os
carros -que será feita de forma
gradual- e os projetos de ampliação na av. dos Bandeirantes e
nas marginais Tietê e Pinheiros
também foram polêmicos.
No caso dos calçadões, a idéia é
liberá-los para a passagem de tráfego local. Na Bandeirantes, a intenção é retirar seus semáforos e
construir uma faixa adicional.
Nas marginais, há estudos para a
construção de uma nova pista pedagiada, sob concessão privada.
De um lado, esses planos facilitam a circulação. De outro, são
criticados por focarem os carros,
modo de transporte mais prejudicial à sociedade -problema semelhante ao dos túneis construídos no último ano da administração Marta Suplicy (PT).
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